Os Profissionais

Peter
May 7, 2003

Uma resposta aberta a uma carta aberta

PeterCM/FM 3399 4/02

Querido Daniel

(Sua carta era anõnima, mas lhe dei o pseudõnimo de “Daniel” para ser mais fâcil respondê-la.)

mamäe e eu recebemos recentemente sua carta endereèada a nôs. Você näo a enviou a nôs diretamente; a recebemos de alguém que a recebeu de você ou de alguém mais. Seja como for, chegou até nôs e achamos que seria bom respondê-la, principalmente por você ter pedido que quem a recebesse respondesse. Você cita vârios assuntos que é bom tratarmos, embora a maioria deles jâ tenha sido discutida em BNs passadas e outras publicaèöes, achamos que näo faria mal recapitular essas questöes, jâ que você e outros, talvez näo tenham lido essas publicaèöes.

2. Depois de orarmos a respeito‚ achamos que a melhor maneira provavelmente seria incluir nossas respostas à medida que surgirem as perguntas. Desta forma ficarâ claro do que estamos falando. Algumas coisas que você menciona väo exigir respostas longas, pois queremos esclarecer a questäo, outras seräo respondidas em poucas palavras.

3. Näo estamos editando a sua carta em nada (com exceèäo de alguns erros de ortografia e abreviaèöes que colocamos aqui por extenso), portanto ela estâ na íntegra. Também incluímos a sua introduèäo, na qual você se dirige a todos os adolescentes e adultos da Família.

4. Antes de comeèar, gostaria de mencionar algumas coisas. Primeiro, você näo teve papas na língua, de modo que Mamäe e eu achamos justo respondermos no mesmo nível. Ou seja‚ esta carta näo vai ser toda "floreada". Vou ser bem direto e em alguns casos até seco. Você talvez goste de algumas respostas‚ mas de outras näo. Vou tratar das questöes levantadas, mas com isso também deixar claro quando sua colocaèäo estiver errada, seu raciocínio deixar a desejar ou suas conclusöes forem erradas. Espero que você agüente ouvir.

5. Segundo, embora Mamäe e eu näo nos incomodemos absolutamente de você abordar estes assuntos ou de escrever nos perguntando a respeito deles, achamos que a sua maneira de agir beirou a baixaria. Escrever uma carta dessas e depois enviâ-la ao mâximo de pessoas possível, pedindo que a enviassem a outros, e tentando o tempo todo dar a impressäo de que quer que essas pessoas o ajudem a ver se as suas conclusöes estäo certas ou näo‚ sinto dizer, näo passa de papo furado! — Principalmente pelo fato de estarmos publicando esta BN três meses depois que alguém nos enviou a sua carta‚ que jâ estava em circulaèäo antes, e você até agora näo a enviou a Mamäe e a mim diretamente.

6. É igualzinho a histôria “O Travesseiro do Pastor”. Você espalhou sua opiniäo por toda a Família, enviando–a ao mâximo de pessoas possível, sob o pretexto de que sô queria que outros lessem para você ter certeza que estava certo. Mas me diga, qual era o seu plano para retificar as coisas se, depois de ouvir as respostas dos outros, percebesse que estava errado em alguns aspectos? Você tinha intenèöes de enviar uma carta para todos que leram sua primeira carta, explicando que descobriu que muita gente näo concorda com você‚ ou que estava errado sobre este ou aquele ponto? Sinto muito, Daniel, tarde demais. As penas da sua carta jâ se espalharam por toda a Família. Você nunca poderâ mudar isso. Mas, provavelmente era justamente essa a sua intenèäo.

7. Se você realmente queria a opiniäo dos outros, teria sido muito mais sensato dar a carta a umas quatro ou cinco pessoas para elas lerem e opinarem. Poderia ter escolhido uns jovens que sabe que pensam mais ou menos como você, e alguns que provavelmente discordariam de você, inclusive talvez até alguns adultos da primeira geraèäo. Se mandasse a sua carta a uma pequena variedade de membros da Família, teria uma boa noèäo se estava na linha ou näo. E, se depois de buscar o conselho de um certo número de pessoas, você decidisse mudar a carta ou esclarecer alguns pontos, poderia enviar a versäo final aos seus conselheiros para verem as alteraèöes. Poderia, entäo, ter mandado seus pontos de vista diretamente a Mamäe e eu, e depois de ter recebido uma resposta nossa, poderia também enviâ-la às pessoas. Mas a verdade é que enviou sua carta a todos na sua lista de correspondência e pediu que as pessoas nessa lista a encaminhassem para outros na sua prôpria lista, o que eles fizeram.

8. Posso até parecer céptico, mas tenho lâ minhas dúvidas de que você realmente tinha intenèöes de colher opiniöes quanto às questöes que apresentou — especialmente contrârias — e que fosse levar tudo em consideraèäo e por fim nos enviar a tal carta. Mas estou disposto a lhe dar um voto de confianèa e supor que essa carta foi enviada a tanta gente por um simples erro da mente‚ que você näo estava tentando deliberadamente minar a fé dos outros ou persuadi–los a pensar como você. Mas duvido que tenha orado e ouvido o Senhor a esse respeito‚ pois tenho certeza que Ele lhe teria dito para agir de modo diferente.

9. Sinceramente‚ näo o estou condenando por a ter escrito. A Mamäe e eu sempre incentivamos as pessoas a se comunicarem conosco e nos fazerem perguntas, pois é assim que se obtém respostas. Mas, como dissemos tantas vezes, você precisa perguntar às pessoas certas, e neste caso para nôs, näo enviando–a a todo o mundo. Honestamente, esperava mais de você‚ visto que jâ é um adulto da segunda geraèäo. Considero a sua atitude imatura‚ sem oraèäo e, apesar das intenèöes talvez até serem boas, o ato foi potencialmente prejudicial. Que triste!

10. Na verdade, recebemos a seguinte pergunta de uma pessoa de 16 anos que leu sua carta. Era esta a sua intenèäo? Reflita principalmente na última frase deste bilhete.

Querida Mamäe, tudo bem? Olha, é que eu recebi esta carta de um amigo meu, e sabe, näo sei o que pensar. Porque sabe, näo quero acreditar, mas num certo sentido é bem verdade, e jâ ouvi essas coisas antes. Entäo, assim, serâ que você poderia me responder e dizer o que acha disso tudo? Estâ realmente me incomodando, e jâ näo sei mais o que pensar. Obrigado.

11. Como a sua carta foi pública, achamos que a melhor maneira de tentar juntar as penas que voaram para täo longe seria respondendo às suas perguntas numa carta aberta, para todos a lerem e tomarem conhecimento também da nossa resposta. O que você acha? OK, entäo, vamos comeèar. Coloquei a sua carta em itâlico e minhas respostas em negrito quando se encontram dentro do texto que você escreveu. E, claro, näo preciso nem dizer que embora eu esteja lhe respondendo‚ me aconselhei sobre tudo com a Mamäe. Ela leu esta carta vârias vezes, estâ de acordo com o que digo e sente o mesmo.

A todos os adolescentes e adultos da Família...

Estou escrevendo esta carta para os WS. É sobre umas coisas que eu e meus amigos temos pensado por um bom tempo.

Queria saber a sua opiniäo antes de enviâ-la, pois posso estar total ou parcialmente errado em algumas coisas. Por favor, leia esta carta com atenèäo e, se concordar, envie-a a outros jovens da Família.

Você sô tem que assinar seu nome (ou pode escrever uma observaèäo) e enviar seu nome ou resposta para [o meu e-mail]. É o mesmo endereèo que lhe enviou esta carta.

Se concordar com a carta, por favor envie-a aos seus amigos e lhes peèa para assinarem e acrescentarem o que quiserem.

Vou compilar as assinaturas e enviar a carta a Mamäe e Peter depois de receber um número suficiente de respostas. Peèo que também se sintam à vontade para discordar de algumas coisas ou até de tudo, e que me enviem a sua opiniäo, se é isso mesmo que sentem. Eu realmente quero estar certo nas minhas opiniöes, de modo que aprecio muito se fizerem isso.

Quero reiterar que näo estou tentando causar “desuniäo” entre ninguém nem sobre nada. É sô que como jâ ouvi tanto as mesmas histôrias, vejo que näo é sô a minha opiniäo, e, quem sabe, podemos fazer alguma coisa para melhorar a situaèäo.

Sei que ela é um pouco comprida, obrigado pelo seu tempo. Obrigado.

Queridos Mamäe e Peter

Meu nome näo é assim täo importante no caso. Espero que näo se importe se o chamarmos de Daniel, visto que facilitarâ em muito respondê-lo. Por enquanto sô direi que sou um adulto da segunda geraèäo‚ nascido e criado na Família. Fico feliz que tenha "güentado" firme até agora. Näo sei se väo chegar a receber esta carta e lê-la, mas faz tempo que tenho vontade de lhes escrever. Nôs a recebemos e lemos. Num certo sentido é uma carta pessoal, em que expresso algumas coisas que tenho sentido e que acho que refletem os sentimentos dos jovens da Família no mundo inteiro.

12. Na verdade, Daniel, sua carta näo é uma carta pessoal, mas sim uma "carta aberta", visto que você escreveu para nôs, mas a enviou em massa para outros. Neste caso, esperamos que nossas respostas ajudem a esclarecer e retificar alguns desses assuntos. Oramos para que essas explicaèöes sejam uma bênèäo e ajuda para você e outros.

Se fossem apenas questöes e batalhas minhas, o assunto morreria por aqui e eu dava um jeito. Mas a verdade é que sei que a maioria dos jovens sente o mesmo que eu (e conheèo muitos jovens).

13. Embora seja possível que vârios jovens que conhece se sintam assim‚ você tem de se lembrar que hâ mais de 1.700 jovens da segunda geraèäo com mais de 16 anos de idade na Família CM, espalhados por mais de 100 países. Entäo, a percentagem de jovens que você conhece talvez seja muito menor do que você imagina.

Muitos adultos da primeira geraèäo que conheèo expressaram o mesmo ponto de vista sobre a vida na Família atualmente, os "padröes", e basicamente o que é na realidade a nossa vida na Família. Portanto, acho que falo com conhecimento de causa.

Espero näo parecer desrespeitoso ou "do contra", mas quero dizer as coisas “na lata”, ou pelo menos como muitos outros as vemos. Espero que näo se importem. De modo algum. Mas‚ como eu disse, espero que você agüente ouvir do mesmo jeito que estâ dando. Peèo desculpas pelo tom da carta, caso dê a impressäo que estou totalmente “por fora”. Aceitamos suas desculpas. Você estâ realmente um pouco por fora em certas coisas, e com certeza a sua carta tem “atitude”. No geral poderia ter se expressado melhor, mas você tem opiniöes fortes sobre certas coisas e quer ver mudanèas, de modo que vamos lhe dar uma colher de châ. Mas também‚ muitas dessas coisas que digo, ou assuntos que vou abordar, acontecem jâ hâ tanto tempo que acho que é hora de alguém se manifestar e (como jâ mencionei) dizer as coisas “na lata”.

14. Apreciamos sua franqueza, Daniel. Näo nos incomodamos em absoluto de ouvir as coisas “na lata”. Quando algo näo estâ indo bem na Família, precisamos saber. As pessoas precisam nos dizer para podermos orar, ver as soluèöes do Senhor, e efetuarmos mudanèas e melhorarmos as coisas. Como deveria saber, lendo as BNs, muitas coisas que recebemos do Senhor säo em resposta a questöes que certos membros da Família levantam.

15. Quando as pessoas nos escrevem sobre coisas que acham que näo estäo indo bem na Família, nôs levamos a sério. Oramos sobre o assunto, e muitas vezes enviamos as cartas para os COs comentarem ou darem alguma sugestäo, para que o nosso conselho à Família seja o mais equilibrado e eficaz possível. Discutimos os pontos que nos säo apresentados, e os mais importantes muitas vezes tornam-se tôpicos para as reuniöes de cúpula. Em alguns casos tornam-se a base de BNs que abordam problemas que ocorrem na Família toda.

Para comeèar, quero dizer que amo vocês, Peter e Mamäe, e todos os meus pastores. Eu amo a Família. Amo as coisas que promovemos, adoro ajudar as pessoas e trabalhar em ministérios de ajudar os pobres e é na Família que quero viver minha vida. Ôtimo! Nôs também o amamos.

Mas eu também acredito que tem algo de errado com nossa situaèäo atual‚ pois estamos perdendo muitos jovens. Näo concordo com a mentalidade de "é isso mesmo, a seara é grande, mas poucos os ceifeiros"‚ ... ou “vamos perder muitos e vamos ser um bando de Gideäo”‚ ou ... “Filho, é assim que o Senhor ordenou, siga em frente e näo olhe para trâs” etc. e tal.

Sinto muito, Mamäe‚ tenho todas as intenèöes de continuar na Família‚ mas com todo o respeito‚ aquele adolescente que saiu era meu amigo. Ou talvez aquela garota era minha namorada! Quando essa é a situaèäo repetidas vezes, e quase sempre pelas mesmas razöes... pode ter certeza que eu VOU olhar para trâs e comeèar a questionar e querer saber qual é o problema.

16. Daniel, o jovem que saiu näo sô era seu amigo ou sua namorada, mas também o filho ou filha de alguém, e o companheiro(a) ou irmäo, ou irmä de alguém. Na maioria das vezes, os pais se preocupam sinceramente pelos filhos que saem da Família. Muitos adultos deixaram o campo de missäo para ajudar seus filhos a se estabelecerem no estilo de vida que escolheram fora da Família. Conheèo pessoalmente alguns que fizeram isso. Näo concordo com você que a “mentalidade” seja de indiferenèa, como você afirma acima.

17. Conhecemos pessoalmente pais que estäo de coraèäo partido por causa da decisäo de seus filhos de abandonarem o servièo do Senhor na Família e pelas dificuldades que encaram como resultado disso. Sabemos que muitos pais batalham com preocupaèäo‚ com sentimento de culpa, e se preocupam por näo poderem estar “ao dispor” de seus filhos tanto quanto gostariam. (Veja os comentârios de Mamäe nas recentes Cartas: CdM 3388:4-12, BN 984; CdM 3389:14-16, BN 985.) As pessoas näo ficam indiferentes quando aqueles a quem amam optam por outro estilo de vida, especialmente se arranjam um emprego, amigos, tipo de vida ou lazer que os afetam negativamente e säo até mesmo prejudiciais, causando aos pais e a outros ainda mais preocupaèäo com o seu bem-estar.

18. Entäo, Daniel, se alguém disse o que você mencionou acima sobre os nossos jovens que saíram da Família, sinto muito. Mas näo acho que seja representativo dos sentimentos da maioria dos membros da Família. A maioria do nosso pessoal fica muito triste quando alguém sai da Família. Sei que Mamäe e eu ficamos.

19. Mas o fato é que as pessoas saem da Família. Isso sempre aconteceu, e provavelmente sempre vai acontecer. Se olhar as estatísticas, apenas um terèo das pessoas que entraram na Família continuam conosco até hoje. Ou seja, 66% foram embora. Isso significa que muito antes de você nascer as pessoas jâ se juntavam a nôs e depois decidiam ir embora. Acredite se quiser, mas amigos íntimos, e talvez um namorado ou namorada de sua mäe ou de seu pai saíram da Família. Todos nôs temos pessoas que nos eram chegadas e que foram embora. É uma realidade. Sempre serâ difícil. Dôi, é triste, mas acontece.

20. Estamos todos preocupados com isso. Afeta cada um de nôs, visto que todos na Família eram chegados a alguém que acabou indo embora. E quando um amigo seu ou alguém que ama parte, é inevitâvel que isso lhe suscite dúvidas. Leva-o a fazer um balanèo da sua vida e ver por que estâ na Família. Faz com que você encare a sua fé. Forèa-o a reafirmar sua prôpria decisäo de ficar ou de partir.

21. Levamos isso a sério.

22. Por outro lado‚ o núcleo de discípulos na Família provavelmente sempre serâ pequeno. Sempre haverâ pessoas que querem experimentar a vida de discípulo, mas que, no final, vêem que näo é a sua praia. A seara é grande e poucos os ceifeiros, e sei que eu gostaria muito que tivéssemos mais ceifeiros. Mas sabe, o tipo de ceifeiros que precisamos é discípulos. Ser um membro da Carta Magna é isso: ser um discípulo a tempo integral. Aqueles que assinaram o contrato de membro da Carta Magna optaram por serem discípulos. Os que decidiram permanecer na Família CM depois de lerem a série "Convicèäo versus concessäo e transigência" säo discípulos.

23. Todos os membros da Família e freqüentadores de igreja säo cristäos‚ mas nem todos os cristäos säo discípulos. Nôs somos discípulos. Vivemos uma vida de discipulado, e nem todo mundo foi feito para esta vida. É importante você entender isso: ser um membro da Carta Magna é sinõnimo de discípulo.

24. A série sobre "Convicèäo" peneirou as fileiras. Fez muitos de nôs ou renovarmos nossa dedicaèäo ou discipulado ou optarmos por outro nível de servièo. Esse era um dos propôsitos: ajudar as pessoas a fazerem um balanèo de sua fé e verem se queriam continuar na Família CM depois de entenderem claramente o que o discipulado a tempo integral significava. Temos usado o termo “bando de Gideäo” com freqüência nas Cartas, como Papai fazia, mas näo hâ nada de pejorativo nisso. Näo o usamos com o sentido de “bons ventos o levem”, e sim para lembrar a todos nôs do precedente bíblico, de como o Senhor age. Ele pöe a fé de Seus seguidores à prova‚ pois prefere ter poucos soldados totalmente dedicados a um grande exército‚ se muitos no exército väo estar distraídos e sem dedicaèäo.

Afinal de contas, aquele jovem que acabou de sair era um excelente membro da Família. E näo saiu porque näo ama o Senhor, ou porque näo ama os outros o bastante para viver uma vida de servièo, mas porque näo conseguia mais cumprir todas as exigências que lhe eram feitas na Família.

25. Como eu jâ disse, é triste quando as pessoas saem da Família‚ seja por que motivo for. Você estâ insinuando que a maioria dos jovens sai da Família porque näo consegue viver à altura de um discípulo CM. Mas näo é forèosamente o caso. Você precisa ver que as pessoas decidem sair da Família por mil e um motivos. Alguns jovens realmente saem por esse motivo; outros porque näo querem mais servir o Senhor, ou porque näo acreditam em algo da nossa doutrina; alguns porque querem ter uma educaèäo superior; outros porque querem provar para si mesmos que podem ser bem sucedidos no Sistema; outros porque säo casados ou estäo namorando alguém que sai; alguns porque querem seguir uma carreira que näo é possível seguir vivendo na Família. Tem gente que simplesmente quer experimentar a vida no Sistema; outros querem uma vida sem restrièöes; alguns näo gostam disto ou daquilo. As razöes para sair da Família säo tantas quanto o número de pessoas que jâ saíram. Cada um tem o seu motivo, entäo näo se pode generalizar.

26. Tendo dito isto, concordo que alguns saem porque näo conseguem mais viver à altura de um discípulo. O discipulado näo é fâcil. Nunca foi. Jesus deixou claro desde o comeèo quando disse: “Se alguém vier a Mim e näo odiar a seu pai, e mäe, e mulher, e filhos, e irmäos, e irmäs, e ainda também a sua prôpria vida, näo pode ser Meu discípulo. Assim, pois, qualquer de vôs que näo renuncia a tudo quanto tem, näo pode ser Meu discípulo. Entäo disse Jesus aos Seus discípulos: Se alguém quiser vir apôs Mim, negue-se a si mesmo, tome sobre a sua cruz, e siga-Me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-â, e quem perder a sua vida por amor a Mim, achâ-la-â. Se vôs permanecerdes na Minha Palavra, verdadeiramente sereis Meus discípulos. Nisto todos conheceräo que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Lucas 14:26,33; Mateus 16:24,25; Joäo 8:31, 13:35).

27. Nada disso é fâcil de se fazer, mas é o padräo de discipulado instituído por Jesus.

28. Ser discípulo é como praticar um esporte na categoria profissional. Por exemplo, muita gente joga basquete. Tem gente que fica tentando fazer cesta de vez em quando‚ outros jogam com os amigos ou em jogos de rua, outros em ligas de amadores, e uns poucos — muito poucos — säo profissionais. Todos jogam basquete, mas nem todos säo profissionais. Qual é a diferenèa? A vasta maioria que joga basquete sô joga para fazer exercício, no seu tempo livre ou de folga. Mas para o atleta profissional, o esporte é a sua vida.

29. Para ser profissional você tem que dar tudo de si. O seu dia é totalmente tomado por treinos, jogos ou viagens em funèäo do esporte. Você ainda continua treinando, malhando, correndo e se mantendo em forma mesmo fora de temporada. O atleta näo fuma, bebe pouco e näo abusa do corpo, porque se fizer isso vai afetar seu desempenho em campo. Tem que ficar longe dos seus entes queridos quando viaja para jogar em outras cidades. Praticamente vive com os companheiros de equipe e um cuida do outro. Eles têm técnicos cujo trabalho é fazê-los treinar e lhes däo ordens que têm que obedecer. Você joga para um time e veste a camisa. Tem que participar de certos eventos. Espera-se que se mantenha em forma e dê duro para melhorar, senäo o técnico fica no seu pé e o faz treinar mais. Se você näo parar de dar problema para o time ou se seu desempenho näo for bom por um tempo, eles geralmente o tiram do time ou o trocam com outro time. Se violar os regulamentos é multado, suspenso, ou demitido.

30. E por que os atletas profissionais se submetem a tudo isso? Sô por fama e/ou dinheiro? Acho que näo. Acho que fazem isso porque gostam de jogar. Hâ outras recompensas e benefícios — como a fama e o dinheiro — mas acredito que a maioria joga porque adora jogar. Estäo dispostos a agüentar uma vida rígida, o rigor dos treinos e o sacrifício de näo poderem fazer certas coisas que outros podem, porque adoram jogar.

31. Por que alguém escolheria ser um discípulo na Família? Por que agüentar tudo o que se espera de um discípulo? Por que viver uma vida assim täo sacrificada? — Porque amamos o Senhor. Nosso amor por Ele faz com que vivamos a vida de discípulo, e näo é fâcil. Näo somos meros cristäos, somos cristäos profissionais. A nossa profissäo é servir a Cristo. Esse é o nosso emprego a tempo integral. É a nossa ocupaèäo e a razäo da nossa vida. Como profissionais temos que nos manter em forma, trabalhar com a equipe, desenvolver certas habilidades, e nos submetermos aos nossos treinadores, como um atleta profissional. Se você for um discípulo, é um profissional, e com isso vem o requisito de ser e continuar sendo um profissional.

32. A verdade, Daniel, é que säo muitos os requisitos para ser-se um cristäo profissional‚ um discípulo na Família. Espera–se muito de você. Muitas vezes é difícil, é sacrificado, mas é o que se espera de um discípulo, e näo vai mudar. Isso näo sô tem sido o alicerce da Família desde o princípio, mas estâ nas Palavras do prôprio Jesus na Bíblia.

33. Eu, porém, acho que muitos têm a idéia errõnea — principalmente os jovens, embora näo sô eles — de que você tem que ser um discípulo a tempo integral para fazer parte da Família. Näo é verdade. Você pode ser um membro da Família sem ter que ser um membro da Carta. Pode fazer as coisas que você, Daniel, mencionou antes — ou seja, amar o Senhor, amar os outros, e servir o Senhor na Família — sem ter que enfrentar as dificuldades de um discípulo a tempo integral. Como? Sendo um membro fraterno.

34. Jâ estou ouvindo alguns jovens resmungando! Mas veja bem, muitos membros da Carta e fraternos têm uma atitude errada em relaèäo aos membros fraternos.

35. Muitos tendem a menosprezar os membros fraternos. Alguns consideram o círculo dos membros fraternos um lugar para os fracassados ou problemâticos, os que “näo conseguiram”. Mas ser membro fraterno näo é isso. Os membros fraternos säo importantes e säo membros da Família. Eles acreditam‚ testemunham, ganham almas, divulgam a mensagem, dizimam e fazem muitas das mesmas coisas que os membros da Carta. A diferenèa é que viram que viver como discípulo a tempo integral dentro da Família CM näo é para eles. Mas embora näo vivam como os membros da Carta têm que viver, säo membros da Família valiosos e uma categoria que faz um trabalho maravilhoso.

36. Quando um jovem decide que näo quer viver como um discípulo, säo poucos os que optam por continuar na Família como membros fraternos. Acho que é em parte porque eles têm uma idéia errada do que é ser um membro fraterno. Mas‚ na maioria das vezes, acho que quando um jovem resolve sair da Família‚ geralmente estâ decidindo parar de servir o Senhor. Acredito nisso porque‚ pelo que tenho visto, a maioria que sai adota estilos de vida que näo comportam um servièo cristäo regular e ativo.

O que quero dizer é o seguinte: Na Família você recebe uma boa dose de críticas e de dificuldades, até aí tudo bem. Tenho aceitado que até certo ponto isso faz parte deste tipo de vida. Mas às vezes parece que tem coisas (e me refiro a atitudes e regras) que dificultam demais um bom comportamento. Acredito que‚ para termos um padräo bom e viâvel nos Lares, precisamos ter um meio-termo. É preciso haver um equilíbrio, com os adultos da primeira geraèäo sendo mais compreensivos, e os jovens cedendo mais.

37. Você menciona aqui um ponto interessante, Daniel, que vou explorar à medida que for respondendo a sua carta. Você diz que têm coisas em vigor que dificultam demais um bom comportamento, e diz que säo atitudes e regras. Acho que à medida que eu for lendo e respondendo à sua carta‚ você vai ver que tem uma grande diferenèa entre atitudes e regras.

38. Hâ certas regras de conduto na Carta Magna que se espera que os membros da Família obedeèam. Temos crenèas e doutrinas fundamentais nas quais precisamos acreditar, e existem certos requisitos para sermos membros da Carta. Embora você ache que essas coisas dificultam mais do que o necessârio um bom comportamento, eu acho que no geral, as regras na Carta Magna facilitaram muitíssimo as coisas.

39. Antes da Carta Magna reunir as regras necessârias, havia centenas delas e eram cumpridas em diferentes graus nos diferentes Lares ou âreas. Era impossível seguir todas, ou até mesmo estar a par de todas, visto que estavam espalhadas pelas Cartas. Sendo assim, um pastor podia realmente pegar no seu pé por causa de algo que outro líder nem consideraria um problema. Além de todas as regras que constavam nas Cartas, diferentes âreas e Lares tinham suas prôprias regras. Era muito difícil saber se o que você fazia estava certo ou näo. Com a Carta Magna isso mudou. Todos passaram a conhecer as regras, e se näo consta na Carta, näo é uma regra. Decididamente ficou mais fâcil fazermos o que é certo.

40. Você talvez näo goste de certas regras ou restrièöes, mas cada uma tem uma razäo de ser. Podemos discutir isso um pouco mais ao respondermos a sua carta, mas primeiro queria falar sobre o outro ponto que você mencionou: atitudes. Você vincula regras com atitudes como se as duas coisas dificultassem demais a vida das pessoas. Embora eu defenda de coraèäo as regras ditadas na Carta Magna, concordo que as atitudes de certas pessoas dificultam muito a vida jâ sacrificada que vivemos. Vou discutir isso mais a fundo mais tarde na sua carta.

Acho que vai ser mais fâcil entender do que estou falando se eu descrever uma situaèäo verídica. Näo vou dizer quem é a pessoa, mas a histôria é verdadeira...

41. Daniel, os seguintes fatos säo tirados de sua descrièäo da garota no seu cenârio. Achei que ajudaria colocar aqui no comeèo para ser mais fâcil imaginarmos a pessoa e sua situaèäo, como você a descreve.

42. A jovem no caso tem 20 anos de idade. Decidiu ir para o campo de missäo com seus pais. A princípio ela foi como o quarto membro votante do Lar. Ao que parece, é ela quem mais cuida das crianèas no Lar, dorme no quarto com pelo menos duas, ou talvez mais, crianèas, provavelmente com 4 a 10 anos de idade. Parece que näo hâ nenhum adolescente o ASG no seu Lar nem por perto. Ela trabalha com puericultura quatro dias por semana, faz angariaèäo de fundos nos fins de semana e tem seu dia de descanso nas segundas-feiras. Ela recebe um dinheiro para necessidades pessoais. Além dela o Lar consiste de “tio P.”, que parece ser o pastor de pessoal, sua mäe, pai e, ao que parece, outros APGs (responsâveis pelas “sempre presentes carrancas dos APGs”).

Aqui estâ uma típica jovem da Família: ela trabalha no Lar a tempo integral. Dorme num quarto com algumas crianèas‚ provavelmente com 4 a 10 anos de idade. Ela tem alguma privacidade? De jeito nenhum! Mas, tudo bem‚ estamos na Família porque queremos estar e isso faz parte, certo? Ela geralmente passa a maior parte do tempo com as crianèas, com quem ela também dorme e de quem cuida durante a noite.

Cozinha? Sim! Faz limpeza? Ah‚ sim! Tornando–se quase que literalmente a empregada do Lar para que os outros possam sair e ganhar almas? Sim senhor.

43. Embora você esteja querendo ilustrar algo aqui, näo acredito que uma jovem típica na Família, especialmente com 20 anos, cuide de crianèas o dia inteiro, durma num quarto com crianèas com menos de 10 anos‚ e seja a empregada da casa que faz basicamente toda a limpeza e cozinha. Mesmo assim, vou comentar: se esta garota faz realmente tudo isso, merece uma medalha de honra. Para Mamäe e eu, as pessoas que cuidam de crianèas e as ensinam estäo entre as melhores. É trabalho difícil e elas merecem muito reconhecimento‚ como recentemente salientamos muito claramente em "Que Direèäo Seguir Agora?", nosso pessoal que cuida de crianèas é extremamente valioso e importante, e precisa ser honrado e respeitado!

44. Você dâ a impressäo de que essa garota é forèada a ficar em casa e cuidar das crianèas, limpar e cozinhar. Que os pais dela, assim como outros APGs no Lar a estäo forèando-a a fazer isto, e que ela näo tem escolha no assunto.

45. Qual é! Se alguém com 20 anos estâ numa situaèäo dessas, em que é forèada a trabalhar contra a sua vontade, ou se as pessoas a estäo maltratando, ela näo tem que aceitar isso! Ela tem os seus direitos. Tem voto no Lar. Tem o direito de expressar suas preocupaèöes no conselho de Lar. Pode escrever aos seus VSes sobre o assunto. Pode escrever para o CO ou para Mamäe e eu. E acima de tudo, pode votar com os pés‚ porque tem o direito de transferência e, portanto, pode sair do Lar. Todos esses direitos säo ditados claramente na Carta Magna e todos no Lar sabem disso.

46. É claro que se alguém näo exercita os seus direitos, se permite que outros faèam dele gato sapato e nunca menciona o assunto; se é forèado a fazer as coisas, mas nunca objeta, nunca relata o que acontece, e escolhe permanecer no Lar, entäo a pessoa também tem parte da culpa.

47. A Carta Magna dâ poder às pessoas para terem um certo controle da situaèäo em que se encontram e para saírem da situaèäo se as coisas näo mudarem como gostariam. Nôs nos certificamos de dar esse poder a todos na Carta Magna para proteger as pessoas de terem que permanecer em situaèöes onde näo acham que estäo sendo tratadas justa e devidamente. Mas essas pessoas têm de ficar firmes e reivindicar seus direitos se acharem que näo estäo sendo tratadas devidamente de alguma forma.

48. É importante que as pessoas entendam que têm o direito de sair de um Lar do qual näo queiram mais fazer parte, por seja que motivo for. Deveriam, claro, orar e ouvir o Senhor, e deveriam tentar dar ao Lar um tempo razoâvel para encontrarem alguém para os substituírem, mas a questäo é que podem sair do Lar se quiserem. Mesmo se seus pais ou pastores o fizerem se sentir culpado por partir (coisa que näo deveriam fazer), você ainda tem o direito de ir embora. Ninguém tem o direito de fazer você ficar no Lar.

49. Esta jovem, ao que parece, cuidava das crianèas e dormia no mesmo quarto delas à noite. Deus a abenèoe, isso é bem difícil. Eu diria que, de modo geral, seria melhor ela ter um quarto com mais privacidade. Na verdade, Mamäe e eu achamos, assim como Papai, que as pessoas deviam ter o melhor aposento possível. Mas, em algumas situaèöes, dormir com as crianèas pode ser a melhor acomodaèäo disponível. Imagino que neste caso näo havia nenhum quarto extra que os APGs näo a deixavam usar. Duvido que estivessem tentando ser maus para com ela. A casa provavelmente era pequena e‚ portanto, precisavam que ela dormisse com as crianèas. É a melhor situaèäo? Näo, provavelmente näo. Mas, às vezes, especialmente em algum campo de missäo longínquo(nos cafundôs do Judas, como você disse), é o melhor que se consegue.

50. Todos deveriam estar alojados o mais confortavelmente possível, e se a casa estiver muito cheia‚ entäo o Lar deveria orar sobre o que fazer — ou mudar–se para uma casa maior, ou dividir o Lar em dois e algumas pessoas se mudarem, ou permanecerem juntos para ver o que o Senhor vai fazer. Se a casa estâ muito cheia e as pessoas infelizes, entäo o assunto deveria ser levado ao conselho de Lar para discussäo e oraèäo.

Tem namorado? Näo. Por quê? Ora‚ ela teve alguns relacionamentos antes, mas agora sua família decidiu pioneirar os cafundôs de Juedas e ela resolveu ir junto para ajudar, ser o quarto membro votante no TRF, angariar fundos‚ etc. Em outras palavras, sacrificou muitas e muitas coisas que säo importantes para a maioria dos jovens‚ como convívio, atividades, amigos, etc. Mais uma vez, parte da vida num Lar pequeno da Família.

51. Deus a abenèoe, sem dúvida é difícil viver num Lar pequeno no campo com pouco convívio com outros de sua idade. É definitivamente um sacrifício‚ um que, aparentemente ela estava disposta a fazer quando escolheu ir com seus pais pioneirar os cafundôs do Judas. Nôs admiramos tanto ela como todos que se lanèam a pioneirar uma nova ârea. É preciso coragem e sacrifício. É claro que depois do estâgio inicial em que se estâ pioneirando, outros geralmente se mudam para a sua ârea e as coisas comeèam a melhorar.

Ela certamente estâ disposta a fazer isso porque sua principal meta é servir o Senhor. (E é isso o que realmente importa‚ näo pequenas infraèöes, ou pelo menos é isso que ela acha e sua filosofia de vida.) Concordo. O mais importante é servir o Senhor. Pequenas infraèöes säo exatamente isso coisas pequenas — e deveriam ser tratadas como tal.

Ah sim, hâ muitos “gatinhos” lâ perto se oferecendo para ser “mais do que amigos” quase diariamente... mas näo, eles têm o seu status e ela o dela, e a coisa morre aí.

A resposta de sua mäe sobre o seu desejo de ter alguém a quem ser chegada? “Oh, querida, o que as Cartas dizem? Se você quiser um namorado, saia e ganhe um para a Família!” Simples, näo é? Mas serâ realista? Acho que näo. Mais parece um deboche cruel e de mau gosto sobre a sua situaèäo. OK, entäo ela contém suas emoèöes, enterra sua mâgoa em algum lugar no fundo do coraèäo e volta para as crianèas, as panelas e o detergente.

52. Huum, Daniel, agora você jâ estâ passando dos limites. Primeiro, Deus abenèoe essa garota por ficar firme no que diz respeito aos “gatinhos”. Agora‚ quanto à resposta de sua mäe sobre o seu desejo de ter alguém que lhe seja chegado, se você se lembrar, esta é uma das soluèöes que o Senhor deu numa profecia que foi publicada numa BN. Ninguém disse que seria uma soluèäo fâcil, mas aparentemente o Senhor deve considerâ-la realista, senäo näo teria considerado uma soluèäo. É ôbvio que você näo a considera realista; na verdade você parece considerâ-la “um deboche cruel e de mau gosto sobre a sua situaèäo”. Acho que é aí que as coisas se resumem a fé e crenèa. Algumas coisas que Deus diz säo duros discursos e requerem verdadeira fé para se acreditar, mas quer acreditemos quer näo‚ hâ mulheres — tanto APGs como ASGs — que ganharam seus maridos para o Senhor e a Família.

53. É aí que entra a questäo de atitudes e normas. As Cartas falam sobre ganhar um namorado para a Família como uma possível soluèäo para o problema dela. É claro que hâ outras possíveis soluèöes para o dilema dessa garota: ela pode ir para um Lar ou ârea onde haja jovens da idade dela com quem ela possa ter relacionamentos, ou pode escrever para algum rapaz com quem jâ teve um relacionamento no passado e convidâ-lo para ir morar em seu Lar, ou até mesmo enviar um anúncio para o Lovelines.

54. A resposta da mäe, lembrando–lhe do que as BNs dizem, é tecnicamente correta; você deveria indicar as pessoas à Palavra quando elas têm perguntas. Contudo‚ se a mäe dâ a resposta certa com desdém‚ de forma desamorosa e farisaica, entäo a atitude estâ errada. Resposta certa, atitude errada.

55. É claro que näo sei qual foi a atitude da mäe, visto que näo estava presente e, ao que parece, você tampouco estava, mas vou usar este exemplo para abordar um problema muito real. Muitas vezes as pessoas däo a resposta certa, mas de uma forma difícil de aceitar por causa da maneira ou atitude farisaica com que falam. O recebedor mistura a resposta com a atitude e, como a atitude é repugnante‚ a resposta também se torna repugnante. Se a mesma resposta fosse dada de uma maneira amorosa, demonstrando compaixäo e compreensäo‚ ela seria mais facilmente entendida e aceita.

56. Por outro lado, às vezes a pessoa que pergunta jâ estâ de cabeèa feita e, portanto, rejeita a resposta näo importa como ela tenha sido dada. Usemos esse caso como exemplo. Se a garota (ou qualquer um na sua situaèäo) simplesmente odiasse a regra que näo permite que tenhamos sexo com pessoas de fora, fosse totalmente contra ela e a considerasse totalmente errada, entäo näo importa qual fosse a resposta, ela a teria rejeitado. De modo que, como vê, o problema da atitude pode acontecer dos dois lados.

Vê sô? Ela é literalmente um anjo. Acredita de coraèäo que, se obedecer e fizer o que considera ser a vontade suprema de Deus e permanecer em seu chamado, o Senhor acabarâ abenèoando-a. Ela sabe que Ele conhece o seu coraèäo, que a ama e que lhe darâ tudo o que o seu coraèäo e corpo desejam, mais cedo ou mais tarde. Certo, e eu também acredito nisso. "Deleita-te no Senhor e Ele te concederâ os desejos do seu coraèäo" (Salmo 37:4).

De volta ao dia a dia:

Depois de uma semana, o fim de semana passado angariando fundos ... inúmeras fraldas trocadas, tendo carregado os pesos e as batalhas de outros durante toda a semana, finalmente chega a segunda-feira, finalmente é seu dia de Palavra e descanso. PeD. Hora de relaxar. Tomar um tempo de folga, descontrair e esfriar a cabeèa.

Vejamos... o que podemos fazer?

Que tal ir a um cinema? OK! Vamos lâ... Legal, ela tem um ingresso cortesia da IMAX que alguém lhe deu. Näo daria para comprâ-lo com o seu “dinheiro para necessidades pessoais” de qualquer maneira.

57. Interpreto aqui que você estâ tentando dizer que ela näo recebe dinheiro suficiente para necessidades pessoais, e que deveria ganhar mais. Mamäe e eu concordamos que as pessoas deveriam receber um fundo pessoal, se possível, que lhes permitam fazer coisas que gostariam de fazer e comprar coisinhas que gostariam de adquirir. É claro que fica por conta de cada Lar decidir se querem administrar seus fundos assim, e cada membro votante do Lar com 18 anos ou mais tem voz nesta decisäo.

58. É importante lembrar, porém, Daniel, que cada Lar é diferente, e um Lar num campo de missäo pobre com uma renda muito baixa talvez näo tenha condièöes de dar muito a seus membros em termos de dinheiro pessoal. Como você disse, ela estâ num Lar pioneiro nos cafundôs do Judas, o que indica que seu Lar talvez näo tenha tanto dinheiro em mäos, de modo que seria compreensível se seu dinheiro pessoal näo for muito. Graèas a Deus por suprir o ingresso de cortesia, que imagino ela ganhou ou de um amigo ou provisionando, o que é outra maneira maravilhosa pela qual o Senhor supre as nossas necessidades.

Mas, espere! Aqui vem o tio P. Ele diz que ela näo deveria ir ao cinema porque o filme ainda näo foi classificado. Como é que é? Serâ que essa jovem é täo estúpida ou idiota que näo possa discernir o que é bom ou näo para ela assistir? Näo nos esqueèamos que ela estâ na Família hâ 20 anos.

59. Tenho certeza que essa jovem näo é nem estúpida nem idiota. Francamente, näo acho que tenhamos gente estúpida e idiota na Família. Serâ que acredito que alguém de 20 anos pode discernir o que é bom ou näo de se assistir? Sim, acho que a maioria das pessoas provavelmente pode, mas eu diria que depende da pessoa. Acho que a maioria das pessoas pode discernir o que é bom de se assistir, se perguntar ao Senhor, mas se väo estar abertos ou submissos ao orar e depois se väo seguir o que o Senhor lhes mostrar é outra coisa. Tem gente que simplesmente quer assistir a certos tipos de filmes; sabem no fundo do coraèäo que näo säo bons para eles e que näo seräo recomendados, mas querem assisti-los de qualquer maneira.

60. Agora, de acordo com você, o tio P. disse que ela näo deveria ver o filme porque ele näo tinha sido recomendado. Ora‚ vamos analisar a situaèäo. Para comeèar‚ acho difícil que o tio P. näo a deixaria ir ao cinema ver um filme IMAX porque näo estâ recomendado. Filmes IMAX säo geralmente documentârios sobre a natureza ou filmes de histôrias verídicas‚ mais um documentârio do que propriamente um filme. É difícil acreditar que você näo esteja usando o filme IMAX para exagerar um pouco aqui‚ mas vou aceitar a sua palavra. Neste caso‚ acho que você estâ enfocando no ponto que o tio P. acha que ela sô deveria ver filmes recomendados.

61. Vamos falar um pouquinho sobre a classificaèäo de filmes. Por que os WS classificam filmes? Fazemos isso como um servièo aos Lares — para poupar-lhes tempo prevendo filmes para eles. Se um Lar for tomar de seu tempo para assistir a um filme, querem que seja algo que valha a pena, ou pelo menos divertido e agradâvel. Leva tempo ir à vídeo locadora e procurar um filme no meio de centenas que pareèa ser bom para o Lar assistir. Entäo‚ para ajudarmos o campo a poupar tempo, as equipes que prevêem filmes nos WS os assistem e publicam uma lista dos que consideram "assistíveis". Isso näo sô poupa tempo aos Lares, mas também lhes informa que filme jâ foi assistido e orado a respeito.

62. Jâ hâ algum tempo incluímos as profecias com a classificaèäo, para que todos pudessem saber o que o Senhor ou Papai tinham a dizer dos filmes. Recebemos inúmeros comentârios de membros da Família dizendo-nos que as listas de filmes ajudam, e que embora talvez näo sejam perfeitas nem se encaixem na preferência de todos, elas facilitam em muito a seleèäo dos filmes para a noite de vídeo.

63. Ora, é essencial que sô se assista a filmes que constam na lista? Vamos dar uma olhada no que a Carta Magna diz: “Recomenda-se que os membros escolham filmes para assistir a partir das listas publicadas pelos Servièos Mundiais, e sigam os conselhos sobre como escolher filmes, a faixa etâria para a qual foi sugerido e o público para o qual é apropriado. Näo se recomenda que assistam a filmes que näo estejam na lista, mas näo é proibido” ("Regulamento para a Vida no Lar," K, pâg. 267). Resposta: achamos que é melhor mostrar ao Lar filmes recomendados, mas näo é proibido assistir a filmes que näo estäo na lista. É o que diz, certo? E é isso que significa.

64. Depois fala que se um Lar for assistir a um filme que näo consta na lista, entäo um comitê deveria prevê-lo antes de mostrâ-lo a todo o Lar. Por quê? Você jâ foi a uma locadora e pegou um filme com uma sinopse bastante boa na capa, e depois quando foi assistir viu que era uma furada, ou ainda pior, um insulto à sua inteligência e espiritualidade? Jâ aconteceu comigo. E se tivesse reunido todo o seu Lar para a noite de vídeo e pusesse um filme desses para todos, seria uma roubada.

65. Entäo, para nos certificarmos de que um filme näo é prejudicial aos membros do Lar, uma grande perda de tempo, ou algo realmente maligno, é preciso que antes um comitê assista ao filme. Em outras palavras, o comitê tem autoridade para decidir se um filme que näo consta na lista deve ou näo ser assistido pelo Lar. Você tem de ver que os WS näo têm condièöes de prever cada vídeo ou ver cada filme que sai no cinema. Teríamos de ter dezenas de pessoas a tempo integral sô assistindo filmes. Sô temos condièäo de assistir a um número limitado de filmes, e por isso a Carta Magna permite aos Lares formarem um comitê para prever e autorizar os filmes que näo foram assistidos nos WS.

66. Mas e quando alguém no Lar quiser ir ao cinema ver um filme — o mesmo se aplica? Näo. Se o Lar, porém, tiver uma regra sobre isso entäo todos têm que respeitâ-la. Mas digamos que o seu Lar näo tem uma regra sobre filmes que näo constam na lista e que ainda estäo em cartaz no cinema. Entäo, se houver um novo lanèamento que ainda näo entrou na lista‚ mas que você quer muito ver, o que faz? Ora‚ isso é diferente de mostrar o filme ao Lar inteiro, pois nesse caso teria que ser previsto. Assistir ou näo a este novo filme é opèäo sua. Mas säo nessas decisöes individuais que a sua fé pessoal e discipulado säo postos à prova.

67. Hâ muitos filmes que provavelmente seriam recomendados se fossem previstos pelos WS, mas‚ como eu disse‚ näo temos tempo nem pessoal para ver e orar sobre cada filme lanèado. De modo que alguns filmes que saem nos cinemas säo “assistíveis”‚ outros näo. Quando estiver escolhendo um filme que näo consta na lista para ir ver no cinema, deveria usar de discernimento‚ oraèäo e o dom de profecia. Também deveria estar disposto a levar em consideraèäo o conselho dos outros.

68. De modo geral, membros da Família que gastam dinheiro para ir ao cinema geralmente se mantêm em dia com o que estâ em cartaz e com o conteúdo dos filmes, e provavelmente sabem que filmes väo ser decentes e quais näo — embora eu admita que às vezes você pode ser pego de surpresa, e algo que parece bom acaba sendo realmente uma porcaria, de modo que vale a pena perguntar ao Senhor.

69. Mas tal como eu disse‚ Daniel, você acha que essa garota tem discernimento do que é bom ou näo para se assistir, e de modo geral concordo com você. Dâ para descobrir com muito pouca pesquisa a trama geral do filme, ou pelo menos que tipo de filme é — aèäo, horror, romance, etc. Se for bastante ôbvio que o filme é escuro, mau, cheio de horror e glorifica a violência, entäo como discípulo que estâ tentando servir ao Senhor‚ você deveria evitâ-lo. Se estiver bastante certo de que o filme estâ bem, e que, se o seu Lar ou os WS fossem prevê-lo, ele provavelmente seria classificado como “assistível”, entäo provavelmente estâ bem assistir a tal filme no cinema, se receber uma confirmaèäo do Senhor.

70. O segredo, tal como com qualquer outro aspecto na vida, é oraèäo, aconselhamento e ouvir o Senhor. Deveria perguntar ao Senhor se estâ bem ver o filme em questäo, e o seu parceiro também. E nem é preciso dizer que deveria orar e ouvir o Senhor com um coraèäo aberto, disposto a aceitar a resposta do Senhor quer Ele diga sim quer näo. Se näo estiver muito certo, aconselhe-se com os pastores de seu Lar. Além disso, pergunte a outros se alguém jâ o viu e peèa a opiniäo deles.

71. Se você for um membro da Carta, é um discípulo. E como discípulo, deveria entender que hâ coisas que simplesmente näo säo boas para o seu espírito. Você talvez até goste delas, pode até querer fazê-las, mas como é cristäo e um discípulo, um cumpridor da Palavra, deveria escolher näo fazer o que é ruim para você.

72. Näo somos contra as pessoas assistirem a filmes‚ dentro da razäo. Muitos filmes säo divertidos e agradâveis, alguns säo fora do comum, a maioria é medíocre, e alguns claramente ruins. Se um filme näo é bom ou näo for bom para você, entäo näo deveria assistir a ele. A razäo para näo assistir a um filme que näo é edificante näo deveria ser porque a Carta Magna diz que você näo pode‚ ou porque é “contra as regras”‚ mas sim porque você sabe que näo é bom para você, visto que leva uma vida de discipulado.

73. Nenhum de nôs é perfeito; todos temos nossos erros e pecamos. Todos nôs temos coisas que gostaríamos de fazer e que näo säo boas para nôs‚ ou que näo nos ajudam no nosso servièo para o Senhor. A questäo com que cada um de nôs se depara é o que devemos fazer com essas coisas. Se sabemos que näo säo edificantes para nôs, se nos calejam espiritualmente‚ se nos prejudicam fisicamente, se näo säo uma forèa positiva na nossa vida, se a Palavra nos diz que essas coisas näo säo boas para nôs, entäo temos de tomar uma decisäo. Serâ que vamos em frente e fazemos essas coisas assim mesmo? Ou tentamos nos abster daquilo? Como discípulos, deveríamos tentar näo fazer essas coisas. É difícil — ninguém estâ dizendo que é fâcil — mas tentar viver de acordo com a Palavra às vezes significa näo poder fazer certas coisas que queremos fazer. Faz parte do discipulado.

74. Se a garota na sua histôria queria ver um filme IMAX, ela poderia ter orado, ouvido o Senhor e mostrado a profecia ao tio P., e ele provavelmente lhe teria dito que näo tinha problema nenhum ela ir ao cinema. Agora‚ se ela quisesse ver um filme que seria prejudicial, provavelmente lhe aconselhariam a näo ir, e com razäo.

75. Na sua histôria você nunca mencionou se ela orou ou näo sobre essas coisas. Você também näo disse se ela tinha orado antes sobre patinar, coisa que mencionou depois‚ ou sobre o filme. Ela tem 20 anos. Alguém de 20 anos jâ tem idade suficiente para saber que deveria orar sobre essas coisas. Talvez ela tenha feito isso e você sô se esqueceu de incluir aqui. Quando alguém ouve o Senhor e tem a profecia em mäos, e estâ aberto aos conselhos dEle e dos outros, entäo é fâcil para os pastores concordarem com a pessoa porque sabem que ela estâ orando e ouvindo a Deus. Fica claro que a pessoa estâ tentando fazer o que é certo.

Além disso, näo nos esqueèamos que as classificaèöes dos filmes saem täo tarde que se fõssemos esperar por elas, nunca iríamos a um cinema, jamais! Porque assim que a classificaèäo sai, hâ outro filme novo em cartaz (e portanto ainda näo listado).

76. Acho que jâ expliquei esse ponto o bastante. Nosso pessoal nos WS faz o que pode. Näo achamos que seja um bom uso do dinheiro do Senhor, nem bom para o espírito de ninguém‚ ter equipes que prevêem filmes a tempo integral sô para que os missionârios possam ir ao cinema enquanto os filmes ainda estäo no cinema. Se for mesmo importante você ver um filme enquanto ainda estâ no cinema, entäo porque näo apenas se aconselhar com os seus pastores, ouvir o Senhor a respeito do filme, e decidir com seus pastores se estâ bem ou näo você ou outros assistirem a tal filme? Realmente näo é grande coisa.

É claro que sua reaèäo natural (e a meu ver justificada) é ficar chateada e se expressar de uma maneira pouco cristä sobre o assunto, mas näo. Ela reprime a vontade de ser rude e em vez disso engole e quase sorri, e volta para o quarto. Meus parabéns a ela. Sô que eu discordo de você de que seria justificâvel ela se expressar de uma maneira pouco cristä. (Esta jovem, a propôsito, é uma santa. Você devia me ver numa situaèäo parecida: infelizmente näo sou täo disposto a agüentar pessoas de mente fechada que sabotam deliberadamente qualquer oportunidade que tenho de me divertir.)

77. Hmm, Daniel. Parece que você tem alguns daqueles problemas de atitude. Pelo que você diz, parece que qualquer um que näo o deixa fazer o que quer tem a mente fechada e estâ deliberadamente sabotando a sua diversäo. Você jâ pensou que às vezes os pais e pastores sabem que algo näo é bom para você e que estäo tentando ajudâ-lo? Mas você vê isso como se eles estivessem sabotando a sua diversäo.

Mas ela fica fria. Sem problema. Näo vai deixar que isso arruíne o único dia que tem para si mesma.

Ela pega o telefone e liga para uma das ovelhas do Lar que também é dono de um rinque de patinaèäo. “Claro”, ele diz, “você pode passar o dia inteiro aqui se quiser. Vou ligar para o gerente para avisâ-lo”. Aí ...

Jovem: “Papai, vou patinar no gelo.”

Pai: “Ôtimo! Divirta-se!”

Ela entäo pega os patins, as meias, a jaqueta, o celular do Lar, ora, agradece ao Senhor pela bênèäo que Ele deu para animâ-la e vai embora.

Aí o celular toca. É o pai. Ele parece um pouco triste e ela escuta o inevitâvel.

Pai: “Olha, o tio P. acabou de falar comigo e estava um pouco chateado por você näo ter se lembrado da regra de sair de dois em dois antes de sair.”

Isso näo pode estar acontecendo, mas é verdade ... de novo!

Jovem: “O que deu nele papai? Ele quer que eu näo faèa nada? Na verdade a regra até passou pela minha cabeèa, mas você sabe täo bem quanto eu que simplesmente näo tinha ninguém que pudesse sair comigo. Você quer que eu fique em casa e apodreèa em vez de sair?”

Pai: “Vou falar com ele, querida, e ligo para você em cinco minutos...”

Vamos pular os prôximos cinco minutos porque todos bem sabemos o que estâ acontecendo. Em outras palavras, o que estâ acontecendo é que o tio P. estâ diligentemente mostrando ao pai na Carta Magna onde diz que os membros da Família devem andar de dois em dois a näo ser que seja inevitâvel. (Que engraèado que isto seja quase exclusivamente aplicado a jovens que queiram sair, näo é?) De qualquer forma‚ a Carta Magna deve ser obedecida. Patinar näo é de jeito nenhum algo “inevitâvel”. Afinal de contas‚ é um luxo‚ certo? Entäo ela volta para casa, entra a toda no quarto do tio P. e pergunta qual é o problema dele! Eu näo a culpo.

78. Eu também acho que näo a culparia totalmente. O querido tio P.‚ o pai dela e pelo jeito você também, Daniel, entenderam tudo errado. Você disse: “Em outras palavras, o que estâ acontecendo é que o tio P. estâ diligentemente mostrando ao pai na Carta Magna onde diz que os membros da Família devem andar de dois em dois a näo ser que seja inevitâvel.” A regra de andar de dois em dois näo diz isso. Você pegou essa parte da seèäo da Carta que explica os princípios que governam as regras, näo da regra em si. Vamos dar uma olhada no que a regra realmente diz:

Quando alguém sai de casa, deveria ir com outro membro, por precauèäo, de acordo com a admoestaèäo bíblica em Lucas 10:1. Talvez em algumas ocasiöes isso näo seja possível, mas tais ocasiöes deveriam ser pouco freqüentes e geralmente sô emergências, ou por uma boa razäo e com a aprovaèäo de um supervisor do Lar.

Ir de dois em dois é bíblico e um princípio prudente que Jesus estabeleceu, e esta norma existe desde o princípio da Família. É claro que hâ vezes quando näo é possível ir de dois em dois‚ mas no geral os membros deveriam fazer isso. Quando se achar que näo é possível, isso deveria ser aprovado por um membro da equipe de pastores do Lar ("Regulamento para a Vida no Lar," A, pâg. 263).

79. É isso que a Carta diz‚ Daniel. Diz claramente que você deveria ter um parceiro ao sair, mas reconhece que isso nem sempre é possível. Afirma que as exceèöes deveriam ser pouco freqüentes, geralmente em casos de emergência, ou por boas razöes a que um pastor do Lar concordou.

80. Como pode ver, se o tio P. e o pai da garota tivessem realmente olhado “diligentemente” na Carta Magna, estaria claro que, se considerassem uma razäo boa o bastante para ela sair sozinha, ela poderia ter saído e näo teria infringido a Carta de jeito nenhum. Na verdade, se o pai fosse um membro da equipe de pastores, o que é bem provâvel‚ visto que o Lar näo é grande, ele poderia ter-lhe dado permissäo, bastava ele considerar o caso uma boa razäo. Se estivessem usando de oraèäo e profecia tanto quanto o Senhor tem nos mostrado que deveríamos, o cenârio seria provavelmente algo assim:

81. Garota: “Pai, hoje é meu dia de folga. O Senhor supriu um ingresso para eu patinar no gelo e eu queria ir. Todo mundo no Lar estâ ocupado hoje e näo tem ninguém que possa ir comigo. Posso ir?”

82. Pai: “Olha, sabemos que é melhor andarmos de dois em dois, mas visto que näo tem ninguém disponível, e que você geralmente anda acompanhada, talvez possamos abrir uma exceèäo. Estou na equipe de pastores e acho que estâ bem, mas por que näo oramos juntos e ouvimos o Senhor para confirmarmos isso?”

83. Uma vez que oraram e ouviram o Senhor, se Ele confirmar tal decisäo, entäo ela pode ir. No seu cenârio, ela levou o celular do Lar, o que é bom, de modo que se tiver qualquer problema pode ligar para casa.

84. Agora, se essa situaèäo fosse constante e cada semana essa garota quiser sair sozinha, entäo estaria infringindo a Carta Magna, visto que essas ocasiöes näo deveriam ser freqüentes. Se fosse o caso, entäo o Lar precisaria discutir maneiras de disponibilizar um parceiro para ela no seu dia de folga.

85. Essa é mais uma daquelas situaèöes de “atitude”. Para comeèar, sua atitude parece ser de que a Carta Magna é muito dura e inflexível, e que as pessoas näo podem sair sozinhas a näo ser que seja inevitâvel, que para você significa que näo pode acontecer nunca, a näo ser no caso de um APG. Mas como pode ver‚ a Carta näo diz isso, e a sua atitude em relaèäo à Carta Magna é errada. Hâ uma flexibilidade dentro desta clâusula da Carta e, na verdade, por toda a Carta Magna. Hâ exceèöes às regras e tentamos permitir uma flexibilidade a elas; mas, por outro lado‚ as exceèöes devem ser algo concordado pelas pessoas e feitas em conselho.

86. A segunda parte do problema com atitude é da parte do tio P. Embora suas intenèöes provavelmente sejam boas, pois sabe que näo é bom uma garota sair por aí sozinha, ele aparentemente näo estâ agindo muito em oraèäo. Ele parece ser da mentalidade de que “näo é bom, e sei que a Carta Magna näo permite isso, portanto nunca poderâ ser permitido”. Ele obviamente näo conhece a Carta Magna como deveria (nem a garota nem o pai dela). Ele sô acha que conhece, e portanto julga näo com base no que foi realmente declarado lâ, mas no que acha que diz‚ ou na sua lembranèa de uma regra antiga da Família. Ele näo percebe que hâ uma certa flexibilidade na Carta Magna; em vez disso‚ reage aos assuntos com inflexibilidade e de maneira bem legalista‚ o que parece ser uma das coisas mais irritantes para os jovens.

87. O pai da garota também é culpado porque tampouco conhece a Carta. A garota também deveria ter mostrado ao seu pai e ao tio P. o que a Carta diz, de modo que ela também compartilha da culpa. Na verdade‚ a julgar pelo que você disse‚ nenhum deles parece realmente ter orado sobre o assunto, nem olhado o que a Carta Magna realmente diz. Todos agiram como achavam que era certo, e no final estavam errados, e isso terminou deixando a garota zangada e tendo uma confrontaèäo com o tio P. Que triste.

88. Agora, a regra de andar de dois em dois é uma boa regra? É. É bíblica, dâ mais seguranèa para as pessoas que saem‚ ajuda as pessoas a näo fazerem coisas que näo devem, permite-lhes ter convívio enquanto estäo fora e, se houver um problema, você tem alguém para ajudâ-lo. Um exemplo recente foi publicado no Grapevine sobre Simon Peter, que saiu sozinho, tropeèou, bateu com a cabeèa e ficou inconsciente no chäo. Qualquer um poderia ter vindo e lhe roubado tudo, ou ele poderia ter se ferido seriamente e, por estar sozinho, näo teria ninguém para ajudâ-lo. Graèas a Deus que o Senhor enviou alguém que o reconheceu e o levou ao hospital. Näo teria sido melhor se ele estivesse com alguém que poderia ter imediatamente orado por ele e o ajudado?

89. De modo geral, näo acho que seja muito bom ninguém sair sozinho. Às vezes é preciso, e nesse caso, deveria ser com o consentimento de um membro da equipe de pastores do Lar, com oraèäo e uma confirmaèäo do Senhor, porque entäo você tem a fé de que o Senhor vai protegê-lo.

90. Acho que também devem levar em consideraèäo quem é que vai sair sozinho. Eu deixaria uma adolescente, digamos de 13 ou 14 anos, sair sozinha? Näo, acho que näo. Provavelmente seria outra histôria no caso de uma garota de 20 anos. Mas, repito, você tem de ver que poderia ser perigoso para qualquer mulher sair sozinha, principalmente à noite, pois hâ muitos homens no mundo que se aproveitam de mulheres que estäo sôs e bastante indefesas. Se fosse o pastor do Lar‚ eu analisaria a situaèäo, consideraria a pessoa e entäo oraria e perguntaria ao Senhor. Eu deixaria qualquer jovem sair sozinho? Provavelmente näo. Alguns sim, outros näo. Dependeria da pessoa e do que o Senhor dissesse.

91. Mas, seja qual fosse o caso, eu oraria e perguntaria ao Senhor. As pessoas no seu cenârio näo fizeram isso‚ e a sua conclusäo é que o tio P. e a Carta Magna säo inflexíveis e irrealistas. A verdade é que flexibilidade na Carta Magna, mas se pessoas inflexíveis näo se importarem de segui-la e ao espírito dela, ou se näo se derem ao trabalho de verificar o que ela diz, ou orarem e ouvirem o Senhor a respeito da situaèäo, entäo as coisas podem ficar bastante legalistas. Além disso‚ até pessoas que säo normalmente flexíveis podem‚ em algumas circunstãncias, serem guiadas pelo Senhor a dizer näo. A resposta “näo” näo é sinõnimo de inflexibilidade; às vezes é simplesmente sabedoria e a orientaèäo do Senhor.

92. Também devemos mencionar aqui que a garota tampouco defendeu seus direitos. Ela poderia ter mostrado aos APGs que havia espaèo na regra posta na Carta Magna para ela sair sozinha neste caso. Mas ela fez isso? Näo, provavelmente por ignorar o que a Carta diz a respeito. Mas de quem é a culpa? É culpa da Carta Magna? É culpa da Família? Näo. Estâ bem ali, preto no branco, mas, infelizmente, muita gente, tanto jovens como pessoas mais velhas‚ simplesmente vivem pelo que acham que a Carta Magna diz, tal como você, Daniel‚ quando citou erroneamente a Carta. No seu caso, você ficou todo exaltado e põs a culpa nas “regras”‚ ao passo que, se tivesse procurado na Carta, teria visto que näo foi as regras, mas sim a ignorãncia das regras que causou os problemas.

Pelo que tenho visto, os jovens em todo lugar têm batalhas porque muitas vezes quando estäo falando com um APG, depois de uns cinco minutos percebem que estäo falando com alguém com a mente täo enquadrada e dentro de um molde, e ouso dizer täo garrafa velha, que näo conseguem ver além do seu nariz. Isso é, no mínimo‚ extremamente frustrante.

93. Concordo que hâ alguns APGs garrafa velha que säo farisaicos, críticos e legalistas, e é frustrante viver e trabalhar com eles. Pode ser especialmente frustrante se um jovem estiver embarcando no espírito e realmente tentando obedecer a Palavra, mas se for constantemente corrigido ou menosprezado por umas coisinhas mínimas ou inexistentes. Mas sabe, Daniel, alguns APGs têm batalhas porque em cinco minutos de conversa com alguns jovens, eles percebem que estäo falando com alguém que é basicamente antitudo, e isso também é frustrante para os APGs. Acho que ambos os tipos de pessoas magoam a Família, e este tipo de interaèäo negativa pode se transformar num círculo vicioso.

94. Se um jovem tiver um problema de atitude, se desafiar constantemente cada regra, tentar se safar fazendo coisas que näo deveria fazer, e explodir com um APG que ele acha que é farisaico ou legalista, isso faz com que o APG com quem ele explodiu se sinta justificado em sentir do jeito que sente em relaèäo ao jovem. A atitude do APG entäo torna-se inflexível e de superioridade, o que faz com que o jovem, por sua vez, fique ainda mais contra as “regras”, e o círculo continua.

95. Hâ lugar para a inflexibilidade quando nos referimos a certas coisas absolutas. Eu sou inflexível sobre a salvaèäo eterna? Sou sim. É uma verdade absoluta. Mas nem tudo é absoluto. Parte do problema é que é mais fâcil ser rígido, manter as coisas no preto e branco, sem nenhum tom de cinza. Se você seguir o caminho do preto ou branco, é fâcil julgar as situaèöes; é fâcil dizer o que é certo e o que é errado. O problema é que pouquíssimas coisas säo simples assim. Geralmente tem muito cinza em quase todas as situaèöes, e é preciso orar e se aconselhar para fazer o devido julgamento. Também leva mais tempo e dâ mais trabalho, porque você tem que parar, analisar a situaèäo ou pergunta e depois orar, se aconselhar e ouvir o Senhor.

96. Tudo isso é necessârio para se tomar boas decisöes e que sejam abrangentes, e nem sempre é fâcil. Infelizmente, alguns näo tomam o tempo para isso. Elas simplesmente dizem: “Você näo pode fazer isto” ou "Você estâ errado". Muitas vezes incluindo depois: “A Carta Magna diz que você näo pode”. De modo que‚ além de serem inflexíveis, justificam sua inflexibilidade referindo–se vagamente à Carta Magna. A Carta‚ porém, na maior parte das vezes oferece uma certa flexibilidade. Ela tem um sistema de salva-guardas, e no que diz respeito a regras de comportamento, reconhece que nem toda regra pode ser mantida o tempo todo.

Ora, por que serâ que parece que quase tudo que um jovem faz ou poderia fazer para se divertir ou se inspirar é ou tabu, ou algo desprezível, restringido ou até mesmo banido pela Família? Às vezes parece que essas regras säo feitas deliberadamente com o intuito de assegurar que um jovem nunca possa fazer nada divertido (também conhecido como "mundano"). Muitas regras säo desmoralizantes, e isso é parte do problema.

97. Vamos dar uma olhada nisso. Você acha que praticamente tudo que um jovem poderia fazer para se divertir é ou tabu, ou desprezado‚ restringido ou banido. Além disso, acha que essas regras foram feitas deliberadamente para assegurar que os jovens nunca se divirtam. Puxa! Uma declaraèäo e tanto!

98. Para comeèar, Daniel, é importante lembrar que somos uma religiäo‚ um movimento missionârio. Além disso, os membros da Carta fizeram um voto de serem discípulos. Como expliquei anteriormente, tem algumas coisas que nôs, cristäos e discípulos, näo deveríamos fazer, ou que sô deveríamos fazer em moderaèäo e näo em excesso.

99. Imagino que você näo estâ muito familiarizado com outras religiöes e fés, porque se estivesse, veria na verdade que somos muito liberais no que diz respeito a nos divertirmos.

100. Näo conheèo nenhuma outra igreja cristä que permita o sexo antes ou fora do casamento. Ou seja, näo tem nenhuma outra igreja cristä‚ que eu saiba, onde jovens solteiros possam ter sexo. É considerado errado e um pecado. Nôs permitimos o sexo. Permitimos que nossos jovens tenham sexo. Permitimos que os solteiros tenham sexo. E sexo é definitivamente algo divertido e é permitido. Ele é restrito? Sim. Temos regras? Temos. As regras foram feitas com o propôsito de cortar o barato das pessoas, especialmente dos jovens? Näo. Colocamos essas regras para proteger as pessoas e para assegurar que qualquer atividade sexual seja feita com amor.

101. E bebidas alcoôlicas? Muitas igrejas cristäs e outras fés baniram bebidas alcoôlicas totalmente. Outras näo. Como você sabe, nôs näo a banimos. Permitimos que se beba bebidas alcoôlicas com moderaèäo. Hâ um mâximo de consumo por semana, além de abertura para duas ocasiöes especiais em que é permitido um consumo igual ao de cada semana. Isso significa que, se você consumir sua quota semanal numa noite, pode tomar essa quota seis vez vezes ao mês, uma vez por semana e duas vezes em ocasiöes especiais. Tomemos o vinho como exemplo. Você pode beber meia garrafa de vinho por semana. Ora, a maioria das pessoas que toma meia garrafa de vinho sente o efeito. Väo sentir os efeitos do vinho a um ponto que é agradâvel. Entäo, em 6 desses 30 dias do mês, 20 por cento do mês, você tem oportunidade de tomar uma bebida alcoôlica.

102. Imagino que você considera que essas regras restringem a sua diversäo. Talvez você ache que deveria poder beber quanto quisesse e sempre que quisesse. Näo sei qual é a sua experiência de vida, mas a minha é que sei que quando as pessoas bebem demais, quando ficam bêbadas, coisas ruins podem acontecer. As pessoas fazem e dizem coisas que nunca diriam nem fariam se estivessem sôbrias; outros ficam magoados, acontecem coisas que näo deveriam acontecer.

103. Nôs permitimos uma boa quantidade de bebidas alcoôlicas para uma religiäo. As regras säo as mesmas para todos que podem beber, APGs, ASGs e JAs. Certamente näo impusemos limites para restringir as liberdades dos jovens.

104. E os filmes? Você sabia que hâ igrejas que näo permitem que se assista a um filme? Nôs permitimos. WS até toma tempo para prever os filmes para os Lares.

105. E danèa? Hâ vârias igrejas que näo permitem que se dance, nunca. Mas nôs sim.

106. Hâ algumas restrièöes a esses prazeres. Näo nos descontrolamos e bebemos demais, a ponto de nos causarmos dano, magoarmos outros, fazermos sexo com qualquer um que quisermos, sem nenhuma consideraèäo pelos outros, nem assistimos a filmes que säo obviamente maus e poluem o espírito, etc. Mas, repito, somos discípulos. Acreditamos em Jesus, acreditamos na Bíblia, tentamos viver uma vida segundo os padröes de Deus, sermos uma boa influência no mundo, um modelo do verdadeiro cristianismo, e levar a salvaèäo aos perdidos. Escolhemos dar a vida por esses princípios e metas. É claro que restrièöes, geralmente por amor à moderaèäo, seguranèa e bom senso.

107. Mas acredite, nenhuma dessas regras foi feita para restringir deliberadamente a sua diversäo. Se você näo consegue se divertir dentro dessas regras, entäo talvez precise estudar sua definièäo de diversäo. Talvez algumas coisas que você considera diversäo näo coadunem na verdade com o discipulado. Eu me divirto muito, e digo o mesmo de todos que vivem comigo, tanto jovens como velhos. Serâ que fazemos toda e qualquer coisa, sem limites? Näo, mas nos divertimos dentro das regras que temos.

Ora‚ de volta ao seu quarto comunitârio. Serâ que ela näo pode ir on-line bater papo com seus amigos a quem deixou com sacrifício para trâs ou algo assim? A Carta Magna näo tem nenhuma regra contra bater papo on-line que eu saiba. Na verdade‚ pode ser uma fonte de convívio e companhia extra em situaèöes em que você se encontra um pouco isolado‚ se for econõmico ficar on-line para isso. Além do fato do computador estar sempre täo ocupado, ela também terâ que lidar com as sempre presentes carrancas dos APGs que passam por ela e murmuram algo sobre desperdièar tempo e as mâs influências da Internet.

108. Se essa garota estivesse sô batendo papo on-line, certamente os APGs näo deveriam estar resmungando nem reclamando sobre isso. Tendo dito isso‚ também gostaria de dizer que, considerando tudo que o Senhor jâ disse‚ é compreensível que as pessoas se preocupem com o uso da Internet. A Internet tem tanto “mâs influências” como muita informaèäo útil, assim como muitas coisas para se fazer e lugares interessantes para visitar, é divertida e informativa. Tem tanto o lado bom como o ruim.

109. Serâ que todo o tempo que passamos na Internet é uma perda de tempo? Näo, näo é, mesmo quando um pouco desse tempo é passado no seu tempo de folga. As pessoas passam seu tempo de folga assistindo a filmes‚ lendo livros, jogando, batendo papo e fazendo vârias outras coisas, e, no geral, essas coisas näo säo consideradas ruins. É claro que algumas dessas atividades podem ser ruins para você, se você assistir ao tipo errado de filme, ler o tipo errado de livro, etc. Da mesma forma‚ algumas atividades na Internet säo ruins, tais como bater papo com as pessoas erradas, entrar nos sites errados ou passar tempo demais on-line.

110. Daniel, me diga, você conhece alguém viciado em alguma atividade da Internet? Eu conheèo. Conheèo gente que ficou fisgada em certos web sites e atividades, e que passaram uma quantidade de tempo excessiva nesses sites. Ficaram até altas horas da madrugada jogando jogos de computador, surfando ou visitando sites pornõ. Fizeram isso noite apôs noite, embora depois mal conseguissem abrir os olhos nas devoèöes e operar bem no dia seguinte de täo exaustos que estavam. Mas, na noite seguinte, voltavam para o computador e “viajavam” na Internet.

111. Eu acho isso bom? Näo. Acho que os ajuda a serem melhores discípulos ou que é bom para o seu servièo ao Senhor? Com certeza que näo. Vê, a Internet em si näo é o problema. O mal-uso dela é que causa problemas. Errado é o tempo perdido, as influências negativas, o vício‚ os sites nada edificantes. É errado quando o afasta de ser um discípulo, de conviver o suficiente com outros, de manter um relacionamento íntimo com o Senhor, ou por tomar uma grande quantidade do seu tempo ou por enchê-lo com as coisas deste mundo.

112. A Internet pode ser útil? Sem dúvida! Pode suprir uma distraèäo? Pode. Isso é sempre ruim? Näo, mas pode ser. Pode ser prejudicial à sua saúde espiritual se você passar tempo demais nela ou se surfar em sites que näo säo bons para você.

113. Serâ que os adultos da primeira geraèäo deveriam se preocupar com isso? Deveriam, e os da segunda também. Se alguém estâ ficando viciado na Internet, comeèando a viver para usar a Internet, entäo você deveria se preocupar. — Do mesmo jeito que se preocuparia se alguém passasse todo o tempo comendo e estivesse ficando obeso, ou se passasse o dia inteiro lendo romances e näo fizesse praticamente mais nada, ou bebesse demais ou assistisse a filmes, até mesmo os bons, todas as noites. Qualquer distraèäo em excesso pode causar problemas espirituais e precisamos ser guardadores dos nossos irmäos; por isso sugerimos anos atrâs que cada Lar concordasse e estabelecesse regras quanto ao uso da Internet. (Ver CdM 3053:134.)

114. Quer saber se eu acho que os adultos da primeira geraèäo devem fazer comentârios sempre que virem alguém usando a Internet? Näo, porque deveriam entender que hâ uma razäo para tal; mas isso näo significa que näo deveriam nunca se preocupar. Daniel, e se alguém no Lar estiver o tempo todo na Internet? E se essa pessoa passar metade das noites na semana on-line e näo conseguir fazer o seu trabalho no dia seguinte? E se estiver se enchendo com o mundo e estiver extravasando isso quando estiver ensinando as crianèas ou testemunhando? Serâ que alguém deveria se preocupar? É claro que sim.

115. Neste caso também talvez haja um problema de atitude. Alguns adultos da primeira geraèäo talvez fiquem um pouco autojustos quando vêem jovens usar a Internet. Talvez pelo fato de interpretarem ou entenderem erroneamente, ou aplicarem mal algumas profecias em que o Senhor deu avisos sérios sobre os perigos do uso imprudente da Internet. (Ver CdM 3053:91-135, BN 682; e CdM 3174, BN 779.) Nessas mensagens o Senhor nos advertiu sobre o uso exagerado da Internet assim como sobre muitos sites que fogem aos padröes divinos, que destroem a fé e säo prejudiciais. Sejamos francos; existem sites assim! Deveríamos estar de sobreaviso‚ e os pais deveriam saber que eles existem para poderem proteger seus filhos.

116. Nessas mesmas profecias, o Senhor também disse que a Internet pode ser útil, que também hâ o lado bom. Talvez alguns adultos se esquecem dessas partes das mensagens‚ portanto têm uma atitude paternalista com os jovens que querem passar tempo na Web. Eles näo deveriam fazer isso, se os jovens que estiverem surfando agirem com responsabilidade.

117. Por outro lado‚ alguns adolescentes e jovens fazem mal uso da Internet; visitam sites que säo prejudiciais aos seus espíritos, ou passam tempo demais on line‚ e os efeitos depois ficam aparentes na sua vida e na interaèäo com outros no Lar. Outros jovens acham que tudo o que fazem estâ bem e que nenhum adulto jamais deveria questionâ-los, e quando säo questionados, ficam todos exaltados e zangados. Isso tampouco estâ certo. Eles precisam mudar de atitude tanto quanto certos adultos.

118. No geral, parece que o problema estâ nos dois extremos. Alguns adultos têm um ponto de vista muito rigoroso e extremo sobre as coisas, e se sentem na liberdade de expressar suas opiniöes quando acham que um jovem estâ saindo de linha. Isso é errado. Por outro lado‚ hâ jovens que acham que qualquer interferência de um adulto é injusta‚ que as pessoas que os corrigem säo simplesmente garrafas velhas autojustas‚ e eles também se sentem na liberdade de expressar seus pontos de vista fora do espírito. Isso também estâ errado.

119. Acredito que a maioria dos adultos e jovens da Família tem um bom equilíbrio na sua interaèäo com os outros. Mesmo que näo sejam os melhores amigos ou queiram fazer tudo juntos, pelo menos entendem que säo diferentes e, apesar dessas diferenèas, servem ao Senhor juntos com relativa harmonia.

120. Para mim o problema é que tanto os adultos como os jovens fazem questäo de manifestar as suas divergências. Eles exageram‚ metem bronca uns nos outros, e logo comeèam a odiar a outra faixa etâria, raramente tendo algo bom a dizer, ou até mesmo um pensamento positivo sobre a outra geraèäo. Os que säo assim — quer jovens ou mais velhos — talvez se sintam justificados, mas näo hâ desculpa! Eles precisam de oraèäo. Precisam ficar a sério com o Senhor sobre suas atitudes que estäo seriamente erradas. Precisam superar o rancor, perdoar de coraèäo tudo de errado que acham que sofreram nas mäos da outra geraèäo. Daniel, talvez você precise fazer isso.

OK, que tal um pouco de música? Ela gostaria de ouvir algo bom para variar. FTTs??? Me desculpe, mas prefiro ouvir um bebê berrando de côlica.

A música que nos é enviada sob a forma de “FTTs” é täo brega e täo ultrapassada, isso sem mencionar a falta de originalidade das melodias, que simplesmente näo é atraente. Sei que dedicaram muito trabalho e esforèo a essas “FTTs”, mas, sinceramente, näo sei porque se däo ao trabalho. Mal consigo lembrar a última vez que ouvi uma FTT. Pensando bem, nenhum dos meus amigos tampouco se lembra quando foi a última vez que ouviu uma. Quando digo que nenhum dos adolescentes que conheci jamais ouve essas fitas ou gosta delas, quero dizer NINGUÉM mesmo! Näo estou dizendo que consigo fazer melhor, absolutamente. Tem muita gente talentosa trabalhando na fitas da Família. Sô quero dizer que até agora, as únicas pessoas que vi gostarem das “Fitas para Adolescentes da Família” säo os meus pais ou as crianèas.

A Família faz música excelente para crianèas e adultos. Mas até agora simplesmente ainda näo produzimos nada do gosto dos jovens.

E näo é que eles näo queiram ouvir a música da Família. Algumas pessoas (geralmente adultos) acham que o fato dos jovens rejeitarem as FTTs estäo rejeitando a Família ou às coisas ou valores da Família. Näo é o caso.

É sô que a “música da Família” no momento näo atrai muito os jovens. Acho que o que estou dizendo é literalmente um fato provado e bem conhecido!

121. Sabe, Daniel, acho que estas suas afirmaèöes väo ofender um monte de gente que trabalha duro, especificamente os músicos. Mamäe e eu sentimos muito que nossos músicos täo fiéis e trabalhadores tenham que ler seus comentârios. Além do mais, acho que alguns jovens näo väo gostar nada de você dizer que eles näo gostam das FTTs. Você estâ colocando palavras em suas bocas e declarando que eles partilham do mesmo gosto musical que você. Sei que você é jovem, mas jovem ou velho, declarar numa carta, enviada para os quatro cantos do mundo, que você prefere ouvir um bebê berrando de côlica do que a música nas FTTs é o cúmulo da falta de amor. Se eu fosse músico‚ estaria muito chateado.

122. Declarar que nenhum adolescente que você conhece ouve as FTTs e gosta delas‚ honestamente é um exagero. É claro que algumas pessoas näo gostam da música nas FTTs, mas no geral essas fitas contêm algumas músicas que as pessoas gostam e outras das quais näo gostam. Mas dizer que ninguém que você conhece ouve ou sequer gosta dessas músicas significa que näo gostam de nenhuma dessas músicas. — E disso eu duvido muito.

123. Daniel, serâ que jâ passou pela sua cabeèa que talvez esses adolescentes que você conhece simplesmente näo queiram lhe dizer que gostam dessa ou daquela música porque têm medo que você vâ criticâ-los e gozar da cara deles? Você talvez os intimide. Visto que você é enfâtico na sua postura contra essa música e aparentemente näo tem papas na língua sobre isso, serâ que eles näo estäo dizendo que näo gostam sô para näo pisarem no seu calo ou serem ridicularizados por você? Pense nisso.

124. Você estâ errado quando disse que "simplesmente ainda näo produzimos nada do gosto dos jovens". Sem termos pedido, recebemos muitos comentârios de jovens‚ alguns dos quais foram publicados, dizendo que adoram algumas músicas. E alguns compositores säo extremamente populares com os nossos jovens. Para simplificar, jovens que ouvem as FTTs e gostam delas‚ pelo menos das músicas que säo do seu estilo favorito.

125. Falemos das FTTs. Eu por acaso gosto de todas as músicas nelas? Näo. Gosto de muitas delas? Gosto. Algumas eu diria que säo muito boas, até clâssicas. Outras, para mim, näo säo lâ täo maravilhosas porque näo säo do meu estilo preferido; näo ligo para elas, nunca as ouèo. Conversando com adultos da segunda geraèäo‚ descobri que têm a mesma opiniäo. Acham algumas músicas interessantes e outras näo. Eu também tenho visto que ao passo que os adultos da segunda geraèäo ficam mais velhos, têm um interesse cada vez menor pelas músicas das FTTs. Alguns comentaram sobre isso para Mamäe e para mim, sugerindo inclusive que parâssemos de produzi-las. Mas sempre que oramos sobre isso‚ o Senhor nos lembrou que os adultos da segunda geraèäo näo säo o público alvo das FTTs. FTT é a sigla de Fitas para Adolescentes da Família (agora TCDs — teen CDs [CDs para adolescentes]). Acho que a ênfase deveria estar na palavra adolescente. O fato de algumas músicas serem do gosto de pessoas mais velhas é lucro.

126. Quando você fica mais velho, como um ASG, jâ deveria ter alcanèado um certo nível de maturidade, que fico feliz em dizer que a maioria consegue alcanèar. Você deveria ter assumido o compromisso de ser um discípulo e tudo o que isso encerra. Sentir-se carente porque a Família näo produz música para o seu gosto me parece uma atitude um pouco imatura. Sendo um discípulo de 21 anos de idade ou mais, deveria estar mais preocupado com outras coisas.

127. Näo quero dizer que você näo deveria desfrutar de música, mas na sua idade precisa estar tomando algumas decisöes. Você precisa decidir se acredita no que o Senhor disse sobre música, sobre o poèo de âguas limpas, de âgua salobra e de âgua contaminada. (CdM 3022:27-40, BN 658.) Tem de decidir se vai aplicar a Palavra mesmo que ela vâ contra o que você deseja. Lembre–se de que isso faz parte do compromisso de um discípulo.

128. Daniel, talvez você precise entender a razäo das FTTs. Essa música é uma alternativa à música do Sistema, especialmente para os jovens entre 12 e 16 anos, para quem música é algo muito importante. Para o resto de nôs, ela oferece uma seleèäo de canèöes das quais podemos escolher as que mais nos apetecem. Embora algumas músicas näo sejam do seu gosto, säo do gosto de outra pessoa. A maioria de nôs simplesmente grava as músicas que gosta e ouve essas. Nôs simplesmente näo ouvimos as outras que näo säo do estilo que nos agrada.

129. Você talvez deteste a música que um certo músico ou estúdio produz, mas pode ter certeza que hâ outros no mundo que gostam ou até mesmo adoram. É assim que säo as coisas. Gosto musical é muito subjetivo e cada pessoa tem o seu. Pessoalmente, acho que você deveria dar graèas a Deus pelos nossos músicos que produzem essa música. E, embora umas poucas pessoas talvez gostem de todas, praticamente todo mundo gosta de algumas dessas músicas e as escuta.

130. Entretanto, talvez devamos parar de produzir as FTTs. Talvez jâ näo tenham mais utilidade. Alguns dos nossos conselheiros acham que sim. Eles acham que as pessoas näo gostam ou näo däo valor a elas, e que esse dinheiro poderia ser melhor empregado em outras coisas. Talvez eles tenham razäo. Vamos tentar chegar a uma conclusäo fazendo uma pesquisa no site sô para membros. Vamos ver o que os nossos jovens acham da música produzida pelos músicos da Família.

131. A verdade, porém, é que nunca vamos conseguir produzir música regularmente e seguindo as tendências do Sistema. Temos alguns estúdios com talvez uns 30 músicos no total, e Mamäe e eu estamos muito orgulhosos deles. Para nôs eles fizeram um trabalho maravilhoso sob circunstãncias difíceis, e tantos sacrifícios que você nem imagina, Daniel! Esses músicos säo missionârios e discípulos, que se dedicaram a produzir música para pregar a mensagem da nossa Família. O Sistema tem milhares e mais milhares de músicos que lanèam música diariamente. O estilo musical moderno muitas vezes fica ultrapassado em questäo de um ano. Até mesmo os músicos lâ fora näo conseguem acompanhar os novos estilos, e estäo sempre surgindo novos músicos tocando um novo estilo.

132. Fazer música de sucesso näo é o nosso principal ministério. Somos discípulos, temos metas, e nossa música é para ser um reflexo dessas metas e é para promovê–las. A maioria dos nossos músicos faz um trabalho maravilhoso na produèäo de tais músicas. Se näo säo do seu agrado, sinto muito. Você talvez precise reavaliar o seu gosto musical. Ou talvez precise avaliar se a música tornou-se mais importante para você do wue o seu compromisso como discípulo.

Você certamente gostaria de sair de dois em dois. Mas a única outra pessoa de descanso é o seu irmäo, e ele dorme o dia inteiro ... Nem imagino por que. Ou serâ que imagino?

Agora ela realmente näo consegue pensar em nada para fazer. Ou näo pode por causa das “regras”‚ ou porque custa dinheiro. Mas amanhä é um novo dia. Temos que meter bronca ...

Filmes, música, jogos, sexo, sair no sâbado à noite, gastar dinheiro ... coisas das quais algumas pessoas têm mais, outras menos, dependendo das circunstãncias. Mas podemos passar sem isso por amor à Família‚ certo? Talvez às vezes ou, para algumas pessoas, a maior parte do tempo. Mas lembre–se do que Papai disse: “Trabalho sem diversäo faz de você um mau aluno, e uma testemunha ainda pior”.

133. Concordo com Papai, com certeza. Vê, Daniel, você estâ vendo tudo sob um ãngulo negativo. A meu ver, você na verdade estâ dizendo: “Näo posso assistir a qualquer filme que quiser, näo posso ouvir qualquer música que quiser‚ näo posso jogar jogos de computador sempre que quiser, näo posso fazer sexo com quem eu quiser, näo posso badalar sâbado à noite, e näo tenho tanto dinheiro para gastar como gostaria”.

134. E você tem razäo! A vida de discípulo nos impöe certas limitaèöes. Mas a verdade é que, como discípulo na Família, você pode assistir a filmes‚ ouvir música, jogar, fazer sexo, gastar o dinheiro que o Senhor nos deu‚ e se näo puder sair sâbado à noite porque estâ testemunhando, geralmente tem outra noite livre na qual relaxar. Acredite em mim, hâ muitas religiöes onde você näo pode fazer nada disso. Nôs podemos desfrutar dessas coisas, embora haja algumas limitaèöes. Talvez você precise tentar ver a vida na Família de um ponto de vista positivo em vez de negativo.

E o tempo vai passando... chegamos ao ano seguinte.

A garota nesta histôria é uma das minhas melhores amigas. Ela agora estâ fora da Família. Veio visitar um dia e, claro, eu quis vê-la.

No meio de nossa conversa‚ lhe perguntei o que tinha acontecido e por que ela tinha saído da Família. Ela foi sempre a mais forte de todos nôs, dedicada, basicamente uma pessoa incrível.

Quando ela me contou essa histôria täo conhecida, eu sô olhei pro chäo e balancei a cabeèa.

Todos nôs jâ vivenciamos isso.

É claro que as coisas agora estäo muito melhores do que antes, quando nôs (ainda crianèas) éramos literalmente espancados por näo ficarmos na fila, nos colocavam fita adesiva na boca quando falâvamos fora de hora, ou ficâvamos em “dieta de silêncio” 24 horas por dia por semanas a fio. E claro, também tinha o “modelador de palmatôria”. A pedido de alguns adultos, ele fazia uma palmatôria de madeira, trabalhada, com furinhos e às vezes sugeria que a molhassem antes de usar para doer mais. Eu me lembro de ver uma crianèa levar vârias palmadas e täo duras que a pele literalmente rasgou e comeèou a sangrar. Näo sei precisamente qual é a definièäo legal de “abuso de menores” no seu país, mas, na maioria dos lugares, se você fizer isso, fica atrâs das grades por bastante tempo. Na verdade, agora näo me incomodo mais o fato de termos recebido castigos brutais quando crianèas, mas é um pouco difícil ser amigâvel e conviver com os mesmos adultos que até poucos anos atrâs se desdobravam para machucâ-lo fisicamente. Alguns até pareciam gostar de administrar disciplina física.

135. Concordo que qualquer um que foi tratado desse jeito foi tratado de um modo horrível. Se tal comportamento fosse constatado na Família hoje em dia, a questäo seria tratada com severidade e resultaria em excomunhäo. Usar de métodos violentos para disciplinar estâ errado e näo é aceitâvel. Näo deveria ter acontecido; infelizmente, houve alguns casos, e Mamäe e eu sentimos muito por isso. Nôs jâ pedimos desculpas em vârias Cartas, e queremos aproveitar esta oportunidade para pedirmos desculpas novamente. Sentimos muito por isso ter acontecido e pedimos desculpas a você e a qualquer um que tenha sido disciplinado com tanta brutalidade.

136. Como sabe, publicamos as “Diretrizes para Disciplina na Família” hâ oito anos, em maio de 1994. Essa Carta proíbe toda e qualquer disciplina forte, e determina diretrizes bem claras sobre o que é aceitâvel quanto à disciplina das crianèas nos Lares da Família. Esperamos e oramos para que esse modo de disciplinar nunca mais aconteèa na Família, e que aqueles que foram disciplinados desta forma encontrem forèas no coraèäo para perdoar os que os trataram assim.

137. É compreensível que seja difícil ser amigâvel com adultos que o disciplinaram täo duramente. Deve ser difícil para você perdoâ-los. Se as aèöes passadas dessas pessoas afetam a sua interaèäo com elas‚ entäo você deveria buscar o Senhor sobre o assunto. Talvez deva informar outro adulto no Lar que estâ tendo batalhas com isso para que possa orar por você e lhe dar conselhos. Talvez devesse conversar com a pessoa e explicar que estâ tendo dificuldade com o passado. Imagino que esta pessoa também tenha tido que encarar o seu passado e pedir perdäo ao Senhor e a outros. Ela provavelmente näo sabe que suas aèöes passadas ainda o incomodam‚ e se soubesse provavelmente lhe pediria desculpas e perdäo.

138. Se estiver numa situaèäo assim‚ busque ajuda. Peèa para o Senhor falar com você‚ e fale com o seu pastor ou outro adulto. Pense em conversar com o adulto com quem tem batalhas.

139. Se você estiver batalhando com ressentimento sobre o passado‚ por mais difícil que seja, vai precisar perdoar. Ao perdoar, você näo sô estâ obedecendo à admoestaèäo do Senhor para perdoar até "setenta vezes sete"; mas também estâ se ajudando, pois isso colabora para sanar as mâgoas do passado. Perdoar as pessoas que o trataram mal ajuda a cortar as amarras do passado na sua vida e o libera para seguir livremente rumo ao futuro, dando-lhe paz de espírito e no coraèäo. Talvez seja difícil‚ mas perdoar é bom em todos os sentidos.

140. Acredito que, em sua maioria, aqueles que foram duramente disciplinados provavelmente jâ perdoaram as pessoas que os magoaram. Depois que cresceram e viram esse tipo de tratamento ser proibido na Família‚ perceberam que essas pessoas realmente extrapolaram na disciplina, que estavam erradas, e vocês conseguiram perdoar. Também confiamos que os que administraram tal disciplina reconheceram sinceramente que erraram e se arrependeram.

141. Se você ainda näo perdoou as pessoas que o ofenderam, entäo procure o Senhor e Lhe peèa para falar com você. Oro para que consiga perdoar aqueles que o magoaram dessa forma, pois a única maneira de esquecer de uma vez por todas é perdoando. Näo estou tomando partido com aqueles que lhe fizeram essas coisas nem justificando-os. Perdoar, mesmo que tenha sido maltratado, é uma admoestaèäo bíblica. Por mais difícil que seja, é possível. Por mais que ache impossível abrir mäos desses ressentimentos, porque sabe que o que você e outros sofreram foi errado, por favor, considere seriamente que, com o poder das chaves, é possível abrir mäo do ressentimento, perdoar e seguir em frente. Como o Senhor prometeu, “através das chaves do Reino você pode perdoar qualquer coisa”.

142. Essas coisas näo acontecem mais na Família; aquela pessoa que foi dura com você näo é mais, e näo disciplina mais os outros com dureza. Tenho certeza que, se conversasse com ela, veria que ela se arrependeu do que fez. Mas, quer ela peèa perdäo quer näo, ou quer ela tenha sido corrigida pelas suas aèöes quer näo, a única maneira de você superar é perdoando-a.

143. Também é importante se lembrar que nem toda a disciplina é errada, e que nem toda a disciplina que você recebeu em sua vida foi errada ou injustificada. Se foi dura, entäo näo deveria ter acontecido. Mas a maioria da disciplina que tínhamos na Família näo era dura, e em muitos casos, era boa e necessâria.

144. Outro ponto é que sô porque muitos países passaram leis recentemente contra castigo físico, tornando-o ilegal, näo quer dizer que essas leis estejam certas. Se você vive em um desses países, entäo vive sob essas leis. Mas, apesar das leis dos homens, é importante lembrar que a Palavra de Deus dâ liberdade para o castigo físico. Nôs, portanto, permitimos algum castigo físico leve. Mas o tipo de castigo que você descreveu acima vai muito além, e como você sabe, näo acontece na Família hoje em dia; se acontecer, a pessoa corre o risco de ser excomungada.

Eu sei que minha mäe foi forèada a praticar a pesca coquete. Outra senhora tem um filho de um certo "pastor" que a forèou a fazer amor com ele (também conhecido como "estupro"). É uma piada bastante comum hoje em dia na Família. Costumâvamos contar piadas sobre a pesca coquete‚ e a maneira mais comum de resumir aquela época provavelmente seria dizendo que "Você pode fazer amor por dinheiro, desde que fale de Jesus!" Sei que é uma piada feia, mas que tem um grande fundo de verdade.

145. Daniel‚ é uma piada feia e um insulto para cada mulher na Família que jâ usou a pesca coquete como um meio de testemunhar. Menospreza a fé que tiveram para dar a vida pelas almas perdidas. Menospreza cada marido na Família que jâ sacrificou sua esposa amada para alguém, para que pudesse ganhar sua alma. Quem você pensa que é para fazer uma declaraèäo dessas? Você nem imagina o sacrifício que as nossas mulheres fizeram para ganhar almas dessa maneira. Você näo têm a mínima idéia do que lhes custou. Você e outros zombam delas hoje em dia, e isso é parte do preèo que elas têm que pagar pela sua maravilhosa fé. Você deveria estar totalmente envergonhado de si mesmo. Eu com certeza me envergonho de você!

146. Näo conheèo sua mäe, mas sinceramente, eu me pergunto sobre a sua afirmaèäo de que ela foi “forèada”. Se ela foi forèada a praticar a pesca coquete, entäo foi errado. Mas é muito provâvel que, como a maioria das mulheres que praticou a pesca coquete‚ ela tenha optado por seguir a Palavra e fez isso como para o Senhor, para ganhar almas‚ embora fosse um sacrifício supremo.

147. Eu näo morava com Papai quando saíram as cartas sobre pesca coquete. Nôs lemos as Cartas no nosso Lar, oramos e as seguimos para comeèar um novo método de testificaèäo. Ninguém nos forèou a fazer nada. Obedecemos por opèäo, e ganhamos almas! Homens que nunca teriam se salvado de outra maneira receberam o Senhor porque o “pregador” era alguém que näo sô falava de Jesus e de Seu sacrifício, mas que também vivia o que dizia‚ que se sacrificava para levar-lhes a verdade. Você pode zombar da pesca coquete e talvez ache que sabe tudo a respeito, mas vou te contar, quando sua mäe, e as mäes de todos os nossos adultos da segunda geraèäo chegarem ao Céu, vai ter homens ajoelhados aos pés delas jurando sua eterna gratidäo pelo sacrifício que elas e seus maridos fizeram para que eles pudessem chegar ao Céu.

148. E daí se teve gente que passou dos limites e ficou de olho no cifräo? Estavam pregando o Evangelho, ganhando almas, sacrificando, e até você estar disposto a fazer sacrifícios semelhantes para servir o Senhor e ganhar almas, acho que deveria pegar as suas piadinhas nojentas e ... bem, como sou um cristäo näo vou dizer o que tenho vontade de dizer! Você deveria mostrar à sua mäe e a todas as nossas mulheres da primeira geraèäo o respeito que elas merecem, em vez de ficar fazendo chacota, ofendendo-as e zombando delas sô porque acha legal fazer piada de algo que você nunca teria a fé nem a convicèäo de fazer, e que obviamente näo entende!

149. Você fala täo mal das atitudes dos adultos, mas vou te contar uma coisa, você tem um sério problema de atitude errada. Eu, pessoalmente, acho que você deveria pedir perdäo a qualquer mulher com quem conviva e a quem você tenha ofendido com a sua atitude nojenta. Serâ que você é homem para isso, Daniel?

Havia abuso sexual quando eu era pequeno. Sei por que negamos isso, mas näo sei por que tentamos mentir para os nossos filhos e para nôs mesmos. Eu presenciei coisas e ouvi sobre muitos outros casos.

150. Daniel, eu me pergunto se você lê as BNs. Talvez o problema seja que você era muito jovem quando admitimos que houve casos de contato sexual entre adultos e menores de idade. Talvez näo tenha lido as cinco Cartas em que a Mamäe e eu, assim como Papai, no plano espiritual, näo sô reconhecemos esse fato, mas pedimos perdäo. (Ver “Nossas Crenèas Quanto à Lei do Amor Dada Pelo Senhor”, CdM 2858:50-51, publicada em junho de 1993; "Responder a Quem nos Pergunta", CdM 3016:18-20, 52-56, publicada em maio de 1995; a Carta de Mamäe para ex-membros em “Construir uma Ponte” CdM 3068:101-108, publicada em agosto de 1996; “Carta Aberta a Todos os Atuais e Ex-membros da Família” CdM 3091:3,10,15-22, publicada em dezembro de 1996 e "Nada Disso me Abala," CdM 3307:65-66, publicada em setembro de 2000.)

151. Daniel, näo negamos que essas coisas tenham ocorrido. Näo mentimos para os nossos filhos nem para nôs mesmos. Você estâ errado a respeito de ambas as coisas. Deixamos bastante claro‚ e temos feito isso por anos‚ que contato sexual entre adultos e menores näo é aceitâvel no nosso meio‚ e que quem se envolver nisso serâ excomungado, e jâ excomungamos algumas pessoas ao longo dos anos.

152. Näo negamos que tenha acontecido. Afirmamos que aconteceu, pedimos perdäo, e colocamos em vigor regras rigorosas. Nôs excomungamos qualquer um que tenha infringido essas regras, e todo mundo sabe disso! — Exceto, no caso, você, que parece näo ter lido essas Cartas. Talvez antes de fazer declaraèöes errõneas dessa natureza, você devesse fazer o que temos aconselhado hâ anos: consultar a Palavra e ver o que ela diz. Se tivesse feito isso, veria que essas suas acusaèöes säo infundadas.

Uma vez peguei um homem mais velho no banheiro com uma garotinha tentando convencê-la a fazer algo oral nele. Ele me ameaèou com uma surra (resumindo) se eu mencionasse para alguém.

Eu era jovem (e estúpido). Fui e contei a alguém que na época era o pastor.

(Esse "pastor"‚ a propôsito, era, e ainda é, um líder do alto escaläo, um “ícone” na Família).

É claro que fiquei surpreso‚ mas acima de tudo horrorizado quando me levaram a um quarto no dia seguinte, onde levei 10 palmadas do pervertido e do meu pastor pela “minha atitude errada”.

Fiquei com hematomas daquela surra, e näo conseguia sentar na aula.

Quando me pediram para me “sentar como todos os outros”, expliquei que näo conseguia porque estava muito dolorido da surra. Eles me arrastaram da sala e me levaram para fora, onde recebi mais umas palmadas pela minha “insolência”. Acho que passei um mês todo dolorido depois daquilo.

153. Se isto aconteceu como você diz, Mamäe e eu achamos terrível. Nôs sinceramente lhe pedimos desculpas e que nos perdoe por você näo ter sido protegido de tais coisas. Deve ter sido muito perturbador e confuso para você. Se o pastor envolvido bateu em você por delatar tal incidente, entäo ele estava pura e simplesmente errado. Sinto muito pela garota envolvida e por qualquer jovem que tenha passado por algo assim. Se foi o seu caso, por favor, peèa ao Senhor para lhe falar sobre o assunto. Tenho certeza que Ele terâ palavras de consolo para você, assim como lhe assegurarâ que tais aèöes näo säo toleradas na Família. Por favor‚ näo deixe esses erros continuarem afetando-o negativamente. Aceite nosso pedido de perdäo‚ leve-o ao Senhor e permita que Ele lave suas mâgoas.

Essa é apenas uma experiência pessoal. Mais de seis garotas que conheèo foram literalmente estupradas por outros membros da Família, e näo receberam nem sequer um pedido de desculpas.

154. Se alguém foi estuprada, foi errado. Näo estava de acordo com a Lei de Amor, e qualquer um que tenha cometido tal ato errou e cometeu um pecado.

155. Na sua carta você näo diz quem foi o culpado do estupro. Você disse “outros membros da Família”. Estou feliz por você näo ter apontado o dedo aos adultos da primeira geraèäo, embora essa seja uma ofensa séria, quer tenha sido cometida por um adulto da primeira ou da segunda geraèäo. Você talvez tenha ouvido, como eu, de vârias jovens na Família que foram estupradas quando "ficaram" com algum rapaz da segunda geraèäo. Na maioria dos incidentes houve consumo de bebidas alcoôlicas. O rapaz e a garota estäo numa festa danèando, bebem um pouco‚ comeèam a tirar um sarro, e acabam na cama. O rapaz quer ir até o fim, mas a garota näo. O rapaz se aproveita da situaèäo e forèa a garota. Claro que depois se sente mal, e às vezes até lhe pede desculpas. A garota geralmente näo relata aos pastores‚ mas perdoa. Estou feliz por ela perdoar‚ mas acho que deveria relatar o acontecido aos pastores e o jovem deveria ser disciplinado, pois violou a Carta Magna e a Lei de Amor, forèando alguém a fazer algo que näo queria. É uma grande falta de amor e é errado.

156. Essas coisas acontecem. É mal. Quando uma garota diz näo, significa näo. Se uma mulher‚ seja de que idade for, näo quiser foder, entäo o homem näo deveria, de maneira nenhuma, fodê-la. Entenderam? Vou repetir. Näo quer dizer näo.

157. As diretrizes sobre este assunto nas BNs da Lei de Amor e na Carta Magna säo muito claras. Você deveria orar sobre os seus encontros amorosos e concordar com a outra pessoa de antemäo se väo até o fim ou näo. Se näo conversarem antes, entäo automaticamente quer dizer que näo väo foder. Em outras palavras, se näo decidirem juntos de antemäo que väo foder, a conclusäo é que resolveram näo foder, mesmo se depois, durante o encontro, sintam vontade de fazê-lo. Essa questäo näo deveria sequer aparecer a näo ser que tenham decidido juntos em oraèäo antes de terem contato sexual, que concordam em foder e que estäo dispostos a assumir a responsabilidade pelas conseqüências, que poderia ser um bebê.

158. O problema é que alguns encontros amorosos acontecem espontaneamente, especialmente depois de uma festa ou baile quando as pessoas estavam bebendo. As mesmas regras se aplicam a essas situaèöes; vocês ainda têm que falar sobre o assunto. E mesmo se falaram antes e concordaram em foder mas a mulher muda de idéia e diz näo quando estäo fazendo amor, entäo os seus desejos devem ser respeitados. Se o homem a forèa, estâ errado. Ele pecou. Näo é um ato de amor, isso näo é “com consentimento”, e é contra a Lei de Amor e a Carta Magna e deveria ser punido de acordo!

Um amigo meu foi parcialmente excomungado näo faz muito tempo. O que realmente näo gostei foi o fato dele ser excomungado por algo que näo fez. Na verdade, eu estava lâ, e ele näo fez nada daquilo.

Escrevi ao Escritôrio depois‚ perguntando por que eles tinham punido alguém quando tanto ele como outros negaram que ele tivesse feito algo errado?

Ah, esqueci... o pessoal no Escritôrio tinha “perguntado ao Senhor”! Portanto, Ele lhes disse que ele era culpado... e que eu deveria deixar as coisas como estavam. Huumm ... vou repetir. “EU ESTAVA LÂ!” Isso significa que vi o que aconteceu. Sô espero que o VS/CRO/ABM melhore a sua comunicaèäo com o Senhor.

159. Essa é difícil de responder, Daniel, porque näo tenho todos os fatos e näo tenho como reunir todos os fatos, visto que sua carta é anõnima. Se eu recebesse uma carta sua, ou do rapaz que foi parcialmente excomungando, reivindicando o direito de compensaèäo, eu faria o que diz a Carta Magna, que é iniciar uma investigaèäo minuciosa. Nosso departamento administrativo falaria com o rapaz sobre a situaèäo, verificariam por que motivo os COs o puseram em excomunhäo parcial e de onde vieram tais informaèöes sobre o rapaz, pois alguém deve ter relatado a situaèäo. Eles se comunicariam com você e outros que estavam presentes para verificarem a veracidade dos fatos e avaliarem se você teria condièöes de saber se aquilo foi ou näo verdade. Eles se envolveriam nos detalhes, como, por exemplo, ver se você estava com ele o tempo todo ou se foi algo que aconteceu durante uma festa, por exemplo, onde você talvez näo estivesse com a pessoa parte do tempo, etc. Leriam as profecias recebidas sobre o assunto e também perguntariam ao Senhor. Mas claro, nada disso pode acontecer visto que sua carta é anõnima e o rapaz posto em excomunhäo parcial nunca reivindicou o seu direito de compensaèäo.

160. Imagino que‚ se foi um erro colocar esse rapaz em excomunhäo parcial‚ ele nos escreveria reivindicando o seu direito de compensaèäo. (A maioria dos direitos de compensaèäo deveria ser enviada aos COs‚ com uma côpia para Mamäe e eu‚ se quiserem. Mas neste caso‚ visto que foi um CO que julgou a situaèäo, o pedido de direito de compensaèäo teria que ser enviado a Mamäe e eu.) Como ele näo escreveu, eu me pergunto se talvez ele näo tenha feito algo que justifique a excomunhäo parcial que recebeu.

161. Eu, porém, ouso dizer que os COs näo poriam alguém em excomunhäo parcial com base apenas numa profecia. Imagino que acharam que haviam motivos e evidências suficientes, como outras pessoas também presentes e que confirmaram o acontecido, e a profecia talvez tenha servido apenas de confirmaèäo.

162. Mas, como eu disse, sô posso especular, visto que näo tenho os fatos. Näo sei o que o rapaz fez, näo sei porque os COs tomaram a decisäo que tomaram, näo sei o que a profecia dizia. A única informaèäo que tenho é que você diz que foi algo injusto‚ que estava lâ‚ e que os COs receberam uma profecia dizendo que o rapaz era culpado e que o puseram em excomunhäo parcial baseados na profecia. Näo säo fatos suficientes para formar nenhum tipo de julgamento.

163. Pelo que entendi você estâ afirmando que os COs tomaram essa decisäo baseados apenas em profecia; minha opiniäo jâ é outra. De qualquer forma, uma coisa eu sei: nem os COs nem qualquer outra pessoa com autoridade na Família säo perfeitos. Eles podem cometer erros, por isso incluímos o direito de compensaèäo na Carta Magna. Se ou você ou o rapaz acha que foi punido injustamente, deveria reivindicar formalmente seu direito de compensaèäo e o assunto seria revisto. Neste caso, visto que envolveu um CO, tanto você como ele deveria ter nos escrito. Que eu saiba, nem um nem o outro nos escreveu. Você disse que escreveu ao Escritôrio, mas deixou claro que estava reivindicando um direito de compensaèäo? Se näo estava satisfeito com o resultado, deveria ter nos escrito. Sinto muito se esse rapaz foi injustamente acusado e punido. Mas näo sei se foi mesmo, visto que näo tenho nenhum fato.

164. Em questöes desse tipo, aprendi que nem todos sempre dizem a verdade. Muitas vezes as pessoas säo confrontadas, acusadas de uma infraèäo digna de excomunhäo parcial, e negam. Às vezes negam vezes sem conta, até que finalmente confessam que aconteceu mesmo. Sei de situaèöes em que a pessoa e seus amigos dizem que algo nunca aconteceu, quando na verdade aconteceu.

165. Um tempo atrâs, houve um caso de alguns rapazes que foram acusados de infraèöes dignas de excomunhäo, mas que negaram o fato a vârios pastores que lhes perguntaram sobre o assunto. Um dos COs orou sobre a situaèäo e o Senhor, em profecia, disse que os rapazes eram culpados e que estavam mentindo. Quando o CO disse aos rapazes o que o Senhor havia dito, eles confessaram.

166. Estou feliz pelos COs orarem e ouvirem o Senhor sobre excomunhöes. É o que devem fazer. Eles têm que seguir todos os procedimentos estipulados na Carta Magna sobre esse assunto. E se alguém achar que foi julgado mal, deveria reivindicar formalmente o seu direito de compensaèäo. Este é o sistema de salva-guardas da Carta Magna.

Menciono isso porque näo entendo o fato de adultos da primeira geraèäo‚ que admitiram ter feito a mesma coisa ou terem feito vista grossa a muitas coisas desse tipo, terem tanta dificuldade com o fato dos jovens serem um pouco independentes. Para mim parece mais que estäo coando um mosquito e engolindo um camelo.

Mas, ah! Näo importa! Queremos servir ao Senhor e aos outros. O passado jâ passou.

Eu tenho a Família no sangue e fui criado nela. Näo sei o que seria de mim se eu fosse embora.

Perderia tudo em que acredito, as coisas pelas quais tentei viver por tanto tempo!

Mas agora quando sento e converso com minha amiga, mal consigo conter as lâgrimas. É que ela sente o mesmo que eu.

Ela se sente culpada por ter desistido e pensa em seus pais que estäo na luta. Mas acho que ela agüentou tudo o que podia agüentar. Talvez tenha passado tempo demais sem se divertir de verdade, sem afeto ou até mesmo uma folga.

167. Sinto muito por ela, e se ela optou por um caminho diferente, oro para que o Senhor a proteja, supra suas necessidades e a ajude a encontrar o que busca na vida. Estou agradecido por ela ter servido o Senhor conosco todos esses anos, e sei que ela deve ter feito muito bem no mundo. Deus a abenèoe.

168. No que diz respeito a ela ficar sem se divertir de verdade, sem afeto ou até mesmo uma folga, sinto muito se ela näo conseguiu ter nada disso no seu Lar. Com certeza temos abertura para essas coisas na Família. Sei de muita gente que se diverte pra valer, que recebe afeto suficiente e que tira uma folga sempre que possível, e tenho certeza que se você fosse objetivo no seu julgamento, admitiria que você também tem tudo isso. Se esta jovem estava em um Lar onde näo havia diversäo ou afeto e onde nem podia tirar uma folga, sinto muito. Parece que o Lar dela tinha alguns problemas — pelo menos segundo o que você diz — e sinto muito ela ter decidido sair da Família em vez de mudar de Lar.

169. Mas volto a repetir, Daniel, se você estâ insinuando que na Família näo permitimos diversäo, afeto ou alguma folga do trabalho, näo engulo. Eu seria o primeiro a admitir que nem todos os Lares säo aquela animaèäo, com todos emanando alegria. Certamente a maioria dos Lares näo tem um monte de jovens todos da mesma idade com quem se possa fazer sexo ou até mesmo muito convívio, e alguns Lares provavelmente näo säo täo bem administrados como poderiam, portanto algumas pessoas näo conseguem tempo de folga suficiente. Mas a sua insinuaèäo de que a Família inteira é assim, e que somos contra diversäo, afeto e folga, é simplesmente infundada.

Os diplomas do CVC näo ajudam muito em lugar nenhum fora dos Estados Unidos, e até mesmo nos Estados Unidos.

170. Essa é outra daquelas declaraèöes que me fazem duvidar o quanto você lê as publicaèöes da Família. Hâ vârios depoimentos publicados dando testemunho que os diplomas do CVC têm peso nos EUA e em outros países. Muita gente fez cursos, conseguiu diplomas e os usa como prova de suas realizaèöes acadêmicas. Na minha opiniäo você tem um certo preconceito em relaèäo ao CVC, e a julgar pelos seus comentârios até agora, eu me pergunto se realmente conhece o CVC e sabe do que se trata.

Minha amiga näo tem conta no banco‚ registros escolares, histôrico de crédito, nem outro documento de identidade fora o passaporte.

171. Daniel, pelo jeito como fala, parece que é algo horrível alguém näo ter uma conta no banco, um histôrico de crédito‚ ou outro documento além do passaporte. Você sabia que muitos jovens no mundo näo têm conta no banco nem histôrico de crédito assim que väo morar sozinho? Geralmente, se você tem um pouco de dinheiro, pode abrir uma conta no banco. Depois de um tempo, se pegar dinheiro emprestado‚ ou comprar algo a crédito, comeèarâ um histôrico de crédito. Se tiver um passaporte e uma certidäo de nascimento‚ geralmente pode facilmente tirar uma carteira de identidade. Näo é crime e nem mesmo fora do comum näo ter essas coisas, e näo requer nenhum milagre obtê-las.

172. Mais uma vez, Daniel‚ você estâ querendo dizer que a Família é extremamente negligente por näo certificar-se que jovens de 20 anos de idade tenham uma conta no banco e um histôrico de crédito! Mas na verdade, qualquer jovem na Família tem toda a liberdade para abrir uma conta no banco quando quiser, com o consentimento do Lar; ou, se o fato do jovem abrir uma conta num banco näo for envolver ou afetar o Lar de nenhum jeito, ele tem toda a liberdade de orar e decidir sozinho.

173. Quanto ao fato desta garota näo ter registros escolares, imagino que em alguns casos, e talvez no dela‚ isso seja verdade. Näo quer dizer que ela näo tenha recebido uma educaèäo‚ mas sim que provavelmente näo foi documentada devidamente. Que triste. De acordo com a Carta Magna, os pais têm que ter um registro escolar de seus filhos. Até mesmo antes dessa regra constar na Carta, os pais eram incentivados a documentarem a educaèäo de seus filhos. Os dela talvez näo fizeram isso, e sinto muito.

174. Por outro lado, desde 1995, hâ sete anos, consta na Carta Magna que qualquer jovem tem o direito, com o consentimento de seus pais, de obter um diploma de primeiro grau ou outras credenciais acadêmicas por meio de exames, e, com o consentimento do Lar, participar de qualquer programa educacional eu lhe seja adequado. Isto significa que desde que esta garota tinha 13 anos ela tem esse direito. Algo que acho muito estranho é que alguns jovens que saem da Família reclamam de näo terem um diploma e pöem a culpa na Família. Entretanto, enquanto estiveram na Família, näo se esforèaram nem um pouco nem demonstraram interesse algum em tirar um diploma ou algum tipo de certificado.

175. Acredite em mim, se fizéssemos uma regra hoje de que todos os jovens têm que concluir o primeiro grau‚ muitos adolescentes de 16 a 20 anos iriam chiar. Quem sabe, né Daniel, se tal regra existisse, você talvez a mencionaria na sua carta achando algum defeito.

Sem um nome do pai na certidäo de nascimento nem registros escolares ... basicamente sem o suficiente para sequer conseguir instalar uma linha telefõnica ou alugar um filme no Blockbuster. Sinto muito, Daniel, você estâ exagerando, näo acha? Entäo, ela consegue um emprego ganhando o mínimo por hora (5,55 dôlares) e vai morar numa república com pessoas estranhas. Namorado? Sim! Ele a ama? Ela acha que näo, mas pelo menos agora ela tem alguém à noite quando precisa de uma companhia.

176. Imagino que é o primeiro emprego dela. Pelo jeito você acha que ela deveria ter conseguido algum grande emprego com um alto salârio. Caso näo saiba, o primeiro emprego de alguém geralmente näo paga rios de dinheiro. Os jovens geralmente comeèam por baixo na folha de pagamento e daí väo subindo com o passar dos anos. O mercado de trabalho é assim no mundo inteiro. Ela estâ apenas comeèando e provavelmente serâ promovida e receberâ um aumento daqui a um tempo, ou se estiver insatisfeita,vai procurar outro emprego. É assim que funciona. Graèas a Deus que a maioria dos jovens que sai da Família arranja empregos decentes e se dâ muito bem. Serâ que ganham tudo de mäo beijada? Näo, eles däo duro para conseguir o que têm, como todo o mundo no Sistema.

177. Sabe, Daniel, a vida é difícil. Nem todos no mundo têm um emprego que paga bem; nem todos têm um montäo de dinheiro. Seja realista, pense nas pobres pessoas no Sistema. Muitas passam a vida inteira sem alguém que as ame. Algumas säo criadas sem pai, alguns pais se divorciam, tem gente que näo têm histôrico de crédito, outras väo a falência, algumas passam dificuldades, näo têm amigos, dinheiro e nem afeto. Tem pessoas no mundo que nunca sequer viram um filme, nunca tiveram uma folga, nunca saíram para passear ou ir a uma festa, näo bebem nem têm namorado ou namorada, etc. A vida é assim para algumas pessoas. É difícil.

178. Tenho a impressäo de que a sua vida, no geral, tem sido bastante boa. Imagino que você leva uma vida que no mundo é considerada de classe média. Claro que näo é rico e näo pode ter tudo o que quer, mas a maioria das pessoas no mundo tampouco pode. Você provavelmente tem comida suficiente para comer e roupas decentes. Obviamente tem acesso a computador. Tenho certeza que seu Lar tem uma TV e um vídeo, provavelmente um toca-CD ou toca-fitas também; na verdade você talvez até tenha o seu prôprio toca CD. Você näo estâ lâ nas ruas‚ ralando até näo poder mais trabalhando para um paträo exigente que näo estâ nem aí com você e que nem quer tomar conhecimento da sua vida. Você é salvo, tem fé, tem o poder da oraèäo, tem amigos e convive com pessoas que o amam, que o ajudaräo e o ouviräo. Em comparaèäo à maioria do mundo, você leva uma vida muito boa.

179. Acho que o que mais me incomoda é que você insinua que tudo que é difícil na vida dessa garota é culpa da Família. Que se ela — ou você‚ no caso — näo puder ter tudo do jeitinho que quer‚ a culpa é da Família. Você aparentemente acha que tudo que é mal ou difícil ou se näo dâ para você fazer exatamente o que quer é culpa da Família. Olha, acredite ou näo, hâ bilhöes de pessoas que nunca ouviram falar da Família e que passam dificuldades na vida. Elas tampouco conseguem tudo o que querem na vida. A vida é assim. Quer você esteja dentro ou fora da Família, näo vai ter tudo o que quer.

Quando conversei com um adulto, mencionei o que disse acima e como estava triste de ver uma pessoa täo boa partir. Ele fez uma expressäo de desdém e disse: “Olha, nem todo mundo consegue”, virou as costas e foi embora‚ depois de sugerir que eu näo mantivesse contato com "desertores". É desse tipo de mentalidade que eu estou falando.

180. Alguém que reage assim estâ sendo insensível e desamoroso. A Mamäe jâ escreveu muito sobre a atitude correta a se ter em relaèäo a alguém que parte.

181. Mamäe e eu näo gostamos de usar a palavra “desertor” para as pessoas que saem da Família‚ e em anos recentes paramos de usâ–la nas nossas publicaèöes. Os que partiram decidiram, seja lâ por que motivos, que a Família näo é a sua praia. É escolha deles, e a respeitamos.

182. Incomoda-me quando pessoas fora da Família falam mal da Família e quando pessoas dentro da Família falam mal daqueles que resolvem partir. Para muitos, sair da Família é uma decisäo difícil. Eles sabem que estäo entrando numa sociedade completamente diferente daquela em que viveram por anos. Väo encarar uma vida totalmente nova, com desafios e problemas diferentes, e isso pode ser assustador. Temos tentado ajudar a Família a entender isto, incentivando todos a demonstrarem amor e compaixäo, a ajudarem e näo condenarem. Parece que a maioria dos membros da Família tem mudado a sua mentalidade sobre essa questäo. Ao que parece, algumas ainda näo. Que triste.

Se eu pudesse sair agora sô para esfriar a cabeèa e relaxar, correria perigo de infringir vârias regras da Carta Magna. Digamos que eu queira sair com minha namorada para ir ao cinema depois a um bar, relaxar, me divertir pra valer e voltar para casa. Eu posso muito bem ser acusado de "näo reduzir ao mínimo influências ímpias", “beber demais”, “ver filmes näo edificantes” e “escutar música que näo é de Deus”. Mas, pela madrugada, sô queríamos sair e passar um tempinho juntos! Näo me sinto mais distante do Senhor depois de ter assistido a um filme que ainda näo foi “recomendado”. Näo acho que Deus vai me julgar por beber mais do que uma garrafa e meia ou seja que quantidade for de cerveja que eu tenho permissäo de beber.

183. Daniel, acho que, de vez em quando, com a confirmaèäo do Senhor e em conselho com os seus pastores, você e sua namorada poderiam sair assim à noite como você explicou. Acho que você provavelmente poderia ir ao cinema e depois a um bar tomar algo e danèar, e que isso näo estaria fora de cogitaèäo. Mas eu näo recomendaria tal atividade como rotina, porque embora você näo se sinta mais longe do Senhor, se fosse se envolver nesse tipo de lazer com freqüência, com o tempo se afastaria do Senhor.

184. É por isso que temos essas regras e diretrizes na Carta Magna — näo que seja errado em todos os casos sair à noite como você explicou, mas porque se tiver o hâbito de beber demais, se näo reduzir ao mínimo influências ímpias, se assistir a filmes que näo säo edificantes e ficar ouvindo música ímpia, você vai ficar fraco espiritualmente. É uma lei espiritual: você näo pode assimilar tudo isso sem ser afetado. “Tomarâ alguém fogo no seu seio, sem que os seus vestidos se queimem?” (Prov. 6:27). A esta altura dos acontecimentos, deveríamos estar lutando para nos aproximarmos mais do Senhor e estarmos mais em sintonia com Ele, e näo ficarmos tentando ver até onde podemos chegar sem extrapolar. A meta é “posse total” para que possamos ter o poder total que o Senhor sabe que precisamos. Duvido que discotecas, bebidas alcoôlicas, filmes näo edificantes e música do Sistema o ajudem a alcanèar essa meta.

Conheèo um cara de 17 anos doce como o quê! Ele estâ com uma família sô porque acha que é o “certo” a fazer. Essa família tem um monte de crianèas e ele é o único adolescente lâ. Acho que hâ anos ele näo beija uma garota. É um cara super legal e sempre conversamos.

Ele às vezes brinca comigo dizendo que jâ tem quase 18 anos e que ainda "näo fez nada" com uma garota. Todos sabemos que ele näo é feio. Na verdade, tem três garotas na vizinhanèa que lhe dizem constantemente que ele é "mais do que bem-vindo". É claro que isso estâ fora de cogitaèäo, porque ele tenta seguir as regras‚ embora provavelmente saiba que é mais difícil ele ser pego fazendo sexo sem seguranèa com pessoas de fora do que o que acabou acontecendo, que foi o seguinte:

Faz pouco tempo, uma gracinha de garota de 15 anos de idade ficou temporariamente em seu Lar. E, claro, eles se beijaram, etc.‚ e os pastores lhe lascaram seis meses na condièäo de principiante. Seis meses!!! É tempo DEMAIS. Se você jâ esteve nessa situaèäo sabe. Resume–se basicamente a seis meses de infelicidade, seis meses sem qualquer diversäo. É, ele quebrou as regras. Näo posso negar. Mas você tem que admitir que foi muito difícil para o camarada se comportar naquela situaèäo. Ele me ligou depois e no meio da nossa conversa ele me perguntou: “Ei, cara. Eu pisei na bola, né? Foi um furo!”

Eu näo sabia o que responder. Veja bem‚ ele realmente “quebrou uma regra”, näo hâ dúvida. Embora eu ache que ele simplesmente fez o que praticamente qualquer um faria na mesma situaèäo.

185. Para comeèar‚ Daniel, faz sete anos que näo existe nada chamado condièäo de principiante. Sô hâ dois tipos de disciplina assim — suspensäo condicional, que o Lar dâ ao membro transgressor, que é de no mâximo três meses, ou excomunhäo parcial, que pode durar até seis meses. Neste caso parece que o rapaz recebeu uma excomunhäo parcial pelo seu delito.

186. Se um rapaz de 17 anos beijou uma garota de 15 anos e ganhou uma excomunhäo parcial de seis meses por isso, entäo alguém näo leu nem seguiu a Carta Magna, porque ele näo quebrou nenhuma regra caso os pais dela estivessem de acordo. É claro que você näo foi muito claro sobre o que aconteceu, “eles se beijaram, etc.” Se o “etc” quer dizer relaèöes sexuais, ou se tiveram contato direto com os ôrgäos genitais, entäo, sim‚ ele violou uma regra e deveria receber excomunhäo parcial, que pode chegar a seis meses. Se eles deram uns amassos e ambos chegaram ao orgasmo, mas continuaram vestidos sem terem contato dos genitais desnudos, com o consentimento dos pais dela, entäo näo quebraram nenhuma regra.

187. Mas eu tenho minhas dúvidas que este rapaz tenha levado seis meses sô por beijar uma garota. Se foi o caso, entäo estâ errado. Mas se teve relaèöes com ela, ou se eles tiveram contato com os ôrgäos genitais desnudos, entäo é capaz dele ter recebido tal castigo. Sei que seis meses de excomunhäo parcial é difícil, e é para ser difícil. É para desencorajar as pessoas de fazerem o que näo devem.

188. Temos essa regra por um motivo. Jovens de 14 e 15 anos säo menores e estäo sob os cuidados dos pais porque säo jovens e precisam de proteèäo. Como foi explicado antes, permitimos sexo na Família, mas temos de ter regras para ajudar todos a agirem com amor e para protegermos as pessoas de aèöes desamorosas.

189. Sabemos que jovens de 14 e 15 anos gostariam de poder ter um pouco de atividade sexual, e permitimos isso entre eles e outros adolescentes de 14 a 17 anos. Mas, por mais espertos que os jovens de 14 e 15 anos sejam, na maioria dos casos ainda näo säo maduros o bastante para lidar com as conseqüências de sexo, e portanto näo têm permissäo para fazer sexo ou terem contato com os ôrgäos genitais desnudos.

190. Nossas regras em relaèäo a isso säo mais lenientes do que na maioria dos países, e certamente de todas as religiöes cristäs. Mas, quer sejam lenientes ou näo, simplesmente näo podemos permitir que jovens de 14 e 15 anos tenham contato sexual sério com alguém de 17 anos. Mesmo que achâssemos uma boa idéia, que näo é o caso, ainda assim näo poderíamos permitir isso, porque jovens dessa idade estäo sob a responsabilidade dos pais, e estaríamos assim passando por cima da autoridade de seus pais. Por isto estâ claro na Carta Magna que qualquer namoro entre jovens de 14 e 15 anos de idade fica por conta dos pais, e se eles näo concordarem, entäo os adolescentes envolvidos podem responder a uma medida disciplinar, caso väo em frente com a coisa.

191. Sinto muito que o seu amigo näo põde beijar ninguém por anos, e eu o admiro por näo fazer sexo com pessoas de fora. Sinto muito ele ter quebrado as regras que, ao que parece, foi o que aconteceu, indo além de sô ter beijado a menina. Mas você tem que entender, Daniel, que existe uma razäo para as regras, e neste caso é para proteger os mais jovens.

A sala de bate-papo da Família foi fechada recentemente. Todo aquele pessoal que a usava (a maioria adolescentes mais jovens) vai continuar batendo papo na Internet, näo vai? Sei que isso é um fato. Agora os jovens no meu Lar usam o MSN para bater papo, onde se encontra um monte de gente doida. Serâ que fechar a sala de bate-papo foi uma soluèäo? Acho que näo. Na minha humilde opiniäo estäo se preocupando demais com coisas de menor importãncia e deixando passar o que é realmente importante. Mas, repito, é sô a minha opiniäo.

192. Obrigado por expressar sua opiniäo; mas eu discordo. Você tem uma perspectiva e eu tenho outra. Entendo que algumas dessas pessoas que costumavam usar a sala de bate-papo que agora estâ fechada väo procurar outro lugar para conversarem on-line‚ e isso é prerrogativa delas, mas pelo menos näo prejudica os outros. Pelo menos o resto da Família näo tem que ficar batendo papo com pessoas de boca suja ou que falam mal da Família. Vê se entende, você näo sabe das reclamaèöes que recebíamos de pessoas que entravam na sala de bate-papo para ter convívio com outros discípulos e ficavam enojadas com algumas coisas que escutavam ali.

193. Para os membros da Família, o site sô para membros é um lugar onde väo desfrutar da companhia da Família, pegar publicaèöes, ver fotos‚ baixar músicas da Família, e receber informaèöes sobre a Família. A maioria das pessoas näo estâ interessada em ouvir ninguém falar mal da Família‚ murmurar‚ xingar‚ reclamar, etc. E foi isso o que muitas delas viram quando entraram no site, e reclamaram. Perguntaram–nos por que tinham que se sujeitar ao que muitas vezes resumia-se a conversas contra a Família, quando o que queriam era conversar com outro membro da Família. Mamäe e eu concordamos com eles. Näo permitimos difamaèäo da Família‚ críticas constantes nem palavröes nos nossos Lares, entäo por que haveríamos de permitir isso no nosso site? Näo temos culpa se algumas pessoas abusaram deste privilégio. Mas o site acabou se tornando um verdadeiro problema, a ponto das pessoas que o usaram mal causarem o seu fechamento para todos.

194. Talvez possamos reativâ-lo mais para a frente, mas é uma dor de cabeèa ter pessoas monitorando-o e certificando-se de que näo é mais prejudicial do que benéfico. Vamos ver sobre isso no futuro e orar sobre o assunto.

Olha, näo sou ninguém. Provavelmente pior do que qualquer um que ler isto. Näo quero acusar ninguém nem que pensem que sou autojusto, mas realmente quero ver mudanèas, porque näo acho que isso esteja certo.

195. Daniel, sei que você näo quer dar a impressäo de ser autojusto nem que estâ acusando ninguém, mas na verdade é justamente isso que parece. Näo quero dizer que você näo tenha abordado questöes legítimas e até mesmo pontos muito bons‚ mas tem acusado muito. Poderia ter apresentado essas questöes de uma maneira melhor e mais madura se tivesse dispensado as generalizaèöes e exageros e feito o seu dever de casa. Você fez acusaèöes simplesmente infundadas. Mencionou situaèöes em que fica claro que as pessoas envolvidas desconhecem a Carta Magna, mas ao fazer isso você se mostrou igualmente ignorante. Você generalizou demais ao insinuar que todos os adultos da primeira geraèäo säo culpados disso e daquilo.

196. Näo digo isso para colocâ-lo para baixo, mas estou tentando ajudâ-lo a ver que se tivesse consultado o Senhor sobre esses assuntos, se tivesse buscado a Palavra e se aconselhado, teria chegado a muitas das mesmas conclusöes a que chego aqui. Eu tive que consultar a Carta Magna e as BNs para me certificar de lhe responder corretamente. Você poderia ter feito o mesmo, mas näo fez. Para mim isso mostra que você estâ chateado com certas coisas que considera erradas ou injustas, e em vez de buscar a Palavra para descobrir as respostas certas, deu vazäo aos seus sentimentos numa explosäo de raiva e enviou sua carta ao mâximo de pessoas que pode e pediu-lhes para mandar a outros. Embora você aborde alguns pontos vâlidos e problemas, faz declaraèöes severas, deduèöes incorretas e acusaèöes falsas, tudo com um discurso emocionante, mas uma lôgica muito furada.

197. Mas concordo que algumas coisas na Família precisam mudar. Muitas vezes recebemos cartas e relatôrios de membros da Família que nos fazem reavaliar nosso modus operandi, e efetuamos as mudanèas necessârias. Mas existem também as mudanèas que precisam ser efetuadas nos coraèöes e mentes de nossos adultos da primeira geraèäo e dos jovens.

Parece que somos uma organizaèäo abarrotada de jovens e administrada por adultos mais velhos que näo entendem realmente as necessidades de um jovem. Acho que se estivéssemos agindo certo, os resultados näo seriam os que estamos obtendo agora.

198. O que você disse pode parecer bem para você e outros, mas sou contra a sua anâlise sobre a lideranèa na Família, de dizer que ela é “administrada por adultos mais velhos que näo entendem realmente as necessidades de um jovem”. Näo sei onde você mora, mas é compreensível que näo tenha a visäo global como a Mamäe e eu temos. Vamos examinar os fatos.

199. No momento, 40% dos COs e 31% dos VSes säo adultos da segunda geraèäo, ao passo que outros 12% que se juntaram à Família com seus vinte e poucos anos agora estäo na casa dos 30. Entäo, no geral, 44% dos VSes têm entre 20 e 30 anos de idade. Neste momento näo temos todos os dados sobre os comitês, mas até agora jâ recebemos relatôrios de oito das 12 regiöes, e em sete delas existem adultos da segunda geraèäo que säo presidentes regionais. Dessas sete regiöes, a que tem uma maior percentagem de adultos da segunda geraèäo na presidência regional conta com 57%, e a menor conta com 12,5 %. Ou seja, esses adultos da segunda geraèäo säo presidentes ou co-presidem o comitê regional de sua coluna‚ mas também participam do conselho regional, que basicamente supervisiona o trabalho da regiäo. Ainda näo sabemos quantos adultos da segunda geraèäo temos nos comitês nacionais, mas tenho certeza que serâ um número considerâvel.

200. Nas unidades dos WS, 46% de nossos membros säo adultos da segunda geraèäo e adolescentes seniores. Dos oito chefes de departamentos, quatro säo jovens. 58% dos membros dos nossos comitês de publicaèöes säo adultos da segunda geraèäo‚ e todos os encarregados säo adultos da segunda geraèäo. 54% dos membros dos comitês nos nossos Lares de WS säo jovens. 50% da equipe de administraèäo da Família é formada por ASGs. O Grapevine é compilado e editado por um adulto da segunda geraèäo, e a equipe que encabeèa a Xn sô tem jovens; o departamento de publicaèöes GP consiste de dois adultos da primeira e quatro da segunda geraèäo, que também compöem todo o departamento de diagramaèäo e de compilaèäo e edièäo do Crianèa e Cia. A equipe que cuida dos sites é toda formada por ASGs e um adolescente júnior‚ metade da equipe de computaèäo é formada por ASGs‚ e muitas das pessoas com quem Mamäe e eu nos aconselhamos e nos comunicamos regularmente säo adultos da segunda geraèäo. E vou lhe contar uma coisa‚ eles näo säo Maria–vai–com-as-outras. Eles têm opiniäo prôpria, defendem enfaticamente as suas convicèöes e deixam bem claro os seus sentimentos em relaèäo aos assuntos da Família, tal como os COs da segunda geraèäo fazem em seus relatôrios e reuniöes de cúpula. O que é maravilhoso sobre eles é que oram‚ ouvem o Senhor e säo conselheiros sâbios.

201. Quanto aos Lares no mundo inteiro, qualquer pessoa de 16 anos para cima pode fazer parte da equipe de pastores do Lar, que säo os líderes do Lar. Nôs näo temos estatísticas da percentagem dos pastores de Lar que säo da segunda geraèäo mas, com base no que sei, eu ousaria dizer que provavelmente fica entre 30 e 40 por cento. Entäo, Daniel, os fatos mostram que a Família é administrada por uma mistura bastante boa de jovens e velhos, que provavelmente têm uma boa visäo das necessidades tanto dos jovens como dos mais velhos. Veja bem, dependemos de um bom equilíbrio entre jovens e pessoas mais velhas na estrutura de lideranèa para administrar a Família. A geraèäo mais velha näo pode passar sem a mais nova, nem a mais nova sem a mais velha. Todos precisamos uns dos outros.

Eu amo a Família e gostaria de vê-la ficar firme, mas estou contando o número de adolescentes que estäo rapidamente indo embora e quero dar um basta nisso. Concordo plenamente. Mamäe e eu também queremos dar um basta nisso.

Näo sei se o que estou dizendo é totalmente certo, mas jâ vivi em cinco continentes e jâ vi muita gente e muitas situaèöes, e esta é a minha conclusäo. Se näo mudarmos algo, e logo, väo nos restar muitos poucos jovens na Família. A Família se tornarâ uma organizaèäo de pessoas acima dos 40 anos, e seria uma lâstima.

202. É uma lâstima tantos jovens decidirem sair da Família. É um problema que Mamäe e eu jâ abordamos bastante ao longo dos anos, e esperamos que os comitês de JETTs/adolescentes nos ajudem a encontrar mais soluèöes para que servir o Senhor seja algo mais atraente, assim, quando um jovem chegar à idade de tomar a decisäo, ele opte por continuar na Família. Mas, por mais mudanèas que aconteèam como resultado dos comitês, ainda assim as pessoas väo sair da Família no futuro. Isso é natural e é de se esperar, visto que as pessoas precisam tomar suas prôprias decisöes. Além do mais, servir o Senhor na Família näo é para todo mundo. Näo estou sendo indiferente, apenas realista e declarando os fatos.

Talvez uma boa abordagem seria deixarmos de ser täo duros com as pessoas por causa de pequenos erros e deslizes e pararmos de lhes dizer que elas näo têm calibre para este tipo de vida, sô porque säo humanas. O que mais dôi säo as pessoas que se acham melhores do que as outras porque säo mais velhas.

203. Concordo com você, Daniel, que näo é bom as pessoas serem duras com os outros por causa de pequenos erros e deslizes. Na verdade, Mamäe e eu näo gostamos de ser duros com ninguém por motivo algum; embora odiemos o pecado, ainda assim amamos o pecador. Entäo, mesmo quando alguém dâ uma senhora mancada, deveria ser tratado com amor. Todo mundo comete erros, peca e faz coisas erradas e estúpidas de vez em quando, porque, como você disse, somos humanos.

204. Mesmo que faèamos essas coisas erradas e estúpidas, precisamos de amor e de compreensäo. Isso näo quer dizer que näo deva haver uma conseqüência, mas mesmo quando a pessoa tem de sofrer as conseqüências, tudo deveria ser feito com amor. Mamäe e eu gostaríamos que todas as pessoas na Família entendessem que näo estamos tentando alcanèar a perfeièäo, e näo deveríamos esperar isso dos outros. Se agíssemos assim, colocaríamos cargas irrealistas sobre nôs mesmos e sobre os outros.

205. Por outro lado, somos uma fé‚ uma religiäo, um movimento missionârio radical, e certamente temos certas crenèas, baseadas na Palavra. Somos um grupo de discípulos que estâ aqui para realizar um trabalho, e parte dele, como eu jâ disse, é se manter em forma espiritualmente. Entäo, embora eu seja totalmente a favor de dar uma colher de châ para as pessoas quando elas erram ou cometem um deslize e até mesmo quando infringem uma regra de conduta da Carta Magna, se alguém faz isso constantemente, ou se decidiu viver fora dos parãmetros da nossa fé, entäo a histôria é diferente. É aí que o Senhor pöe limites. É entäo que Ele jâ tentou, vezes sem conta, fazer com que as pessoas decidam se querem ou näo permanecer na Família.

206. Se você quer liberdade total para fazer o que bem entende, quando bem entende e tanto quanto quiser‚ entäo a Família näo é lugar para você. Se esta for a sua meta na vida, deveria perceber que nunca estarâ feliz na Família‚ porque nôs temos regras e espera-se que vivamos em obediência a elas. Hâ também requisitos espirituais para o discípulo, coisas que o Senhor espera de nôs e das quais precisamos para vivermos à altura de cristäos profissionais. Se alguém näo quiser tentar viver à altura dessas expectativas e de acordo com as regras, tudo bem; sô que näo pode continuar vivendo na Família. É como um desportista profissional, ele näo pode permanecer no time se näo fizer o que é esperado dele.

207. Dôi–me ouvir de pessoas que cobram uma obediência implícita a cada mínima coisa da "lei" e punem as pessoas sempre que däo um passinho minúsculo fora da linha. Mas também me dôi quando as pessoas no fundo sabem que näo querem ser discípulas, portanto estäo sempre violando as regras‚ murmurando, espalhando dúvidas, e no geral perturbando os Lares. Mamäe e eu gostaríamos que pessoas assim encarassem o fato de que o discipulado näo é para elas e assumissem o seu prôprio estilo de vida. Näo as condenamos. Na verdade, ficamos felizes por decidirem, porque conquanto pensem assim, mas vivam num Lar da Família, väo estar prejudicando a outros.

208. Por outro lado‚ muitos jovens — estou falando daqueles entre 16 e 17 anos — ainda näo se decidiram. O Senhor deixou claro que esses säo anos turbulentos, e que precisamos ser um tanto flexíveis com eles, razäo pela qual fizemos o contrato provisôrio para membros da Carta Magna para os adolescentes seniores. Näo podemos esperar discipulado total de jovens dessa idade, porque eles ainda näo assumiram um compromisso total como discípulos. Alguns jâ decidiram, enquanto outros resolveram tentar.

209. Mas até mesmo os jovens de 16 e 17 anos, pelo fato de morarem num Lar da Família‚ têm de seguir as regras. É claro que o pessoal mais velho precisa entender que os jovens näo väo ser perfeitos e que väo quebrar as regras de vez em quando. Conquanto estejam tentando de modo geral o melhor que podem, deveria ser-lhes demonstrada sabedoria, amor, compreensäo e paciência. Eles näo deveriam levar uma cacetada nem serem punidos sempre que saírem da linha.

210. Quando você se torna um jovem adulto, entäo é hora de deixar as coisas de crianèa e passar à vida adulta. À medida que vai ficando mais velho, precisa decidir seriamente sobre a sua vida, e fazer o melhor que pode para viver segundo a sua decisäo. Você ainda vai pisar na bola de vez em quando — todo mundo pisa — mas precisa se esforèar para viver a vida de discipulado e tudo o que ela encerra se assim escolheu.

Hâ um abismo entre as geraèöes, porque näo tem como näo haver um. É natural. Na verdade, foi assim que Deus nos fez.

211. Sim, hâ um abismo entre geraèöes que é natural. Hâ um mecanismo natural intrínseco ao ser humano que entra em aèäo quando as crianèas tornam-se adolescentes. Elas passam por um período em que questionam a autoridade, se manifestam, questionam, se rebelam contra as regras, querem se liberar das limitaèöes impostas pelos seus pais e até mesmo pela sociedade. Faz parte do crescimento, do processo rumo à vida adulta.

212. É um período difícil tanto para o jovem como para os adultos, porque o seu relacionamento estâ mudando. O jovem estâ num período de transièäo entre a infãncia e a maturidade; estâ aprendendo a trilhar seu caminho no mundo adulto. Os adultos precisam entender isso, e num certo sentido recuarem um pouco para permitirem-lhes crescer. Alguns adultos têm muita dificuldade em deixar isso acontecer; eles näo vêem que o seu relacionamento estâ mudando — que embora aquela pessoa ainda näo seja um adulto, tampouco é uma crianèa. Eles näo entendem quando o jovem quer ser e agir diferente. Os adultos precisam abrir espaèo para isso. Acho que Mamäe explicou muito bem em “Superando o Abismo entre as Geraèöes” quando disse:

Vocês da geraèäo mais velha poderiam facilitar as coisas para os jovens passando mais tempo com eles, tentando entender o que passa pelo coraèäo e mente deles, e näo julgando-os täo rapidamente nem tirando conclusöes precipitadas - muitas das quais, infelizmente, säo conclusöes negativas ou sentenèas injustas ou tendenciosas. Se tentassem estar mais em oraèäo e serem mais guiados pelo Espírito ao trabalharem e viverem com a geraèäo mais nova, acho que o Senhor os ajudaria a ter um meio termo e saberem quando deixâ-los em paz, quando soltar a rédea e permitir que sejam jovens, que experimentem coisas e sejam um pouco livres. Ele também pode lhes mostrar quando precisam puxar as rédeas um pouco, ou dar-lhes conselhos, correèäo ou um aviso. Em outras palavras, o pastoreamento que precisam.

Vocês, adultos, têm que perceber que os jovens säo diferentes. O Senhor os fez diferentes de vocês. Eles querem e precisam ser diferentes. E nôs‚ da geraèäo mais velha na Família, precisamos do entusiasmo jovem deles, das novas idéias e da vida, forèa e mudanèas que o sangue novo da nova geraèäo gera. Precisamos da sua forèa e da maneira radical como encaram as coisas. É bom para nôs quando eles fazem as suas perguntas legítimas e desafiam o modo como as coisas säo feitas. Isso faz com que sondemos o nosso coraèäo e normas‚ com que vejamos a necessidade de mudanèas e melhorias e as efetuemos, e nos impede de nos afogarmos no horrível abismo das concessöes e na apatia.

Alguns de vocês väo simplesmente ter que ir mais com calma, sair de cima um pouco‚ parar de pegar no pé dos jovens! Deixe-os ser jovens. Deixem que sejam eles mesmos. Deixem que sejam diferentes, desde que o que estiverem fazendo näo seja contra a Palavra, a Carta Magna nem esteja pondo em perigo nem afetando negativamente tanto eles como outros‚ nem o seu trabalho para o Senhor de alguma maneira. (Se for difícil para vocês, pastores, aplicarem o conselho na Palavra ou na Carta Magna, e discernirem se algo que os jovens estäo fazendo ou querem fazer estâ bem, vocês ou eles deveriam perguntar ao Senhor. Tenho certeza que Ele ficaria feliz por dar-lhes em profecia as diretrizes específicas e detalhadas e as confirmaèöes e instruèöes que precisam‚ que se encaixaräo na sua situaèäo em particular.) (CdM 3161:29-31).

213. Daniel‚ embora você provavelmente concorde com a primeira parte do que a Mamäe disse, deve estar se engasgando um pouco na última parte no tocante à Carta Magna e à Palavra, porque a sua prôxima declaraèäo é sobre isso.

Temos esse problema de abismo entre geraèöes na Família porque nôs, adolescentes, näo concordamos com as regras e os regulamentos que nos säo impostos — säo irrealistas e acabam por nos levar à frustraèäo e à rebeldia‚ como todos temos visto vezes sem conta. Vou simplesmente botar para fora aqui o que eu e muitos outros sentimos. A Família é rígida demais! Tem regras demais sobre coisinhas mínimas e que fazem a vida muito desconfortâvel para um jovem.

214. Como expliquei antes, em comparaèäo com outras fé, a Família näo é täo rígida assim, mas temos regras e regulamentos. Você declara que temos “regras demais sobre coisinhas mínimas”. Acho que parte do problema é a diferenèa entre a sua e a minha definièäo de “coisinhas mínimas”. Até agora, em sua carta, e mais adiante, você abordou coisas como sexo com pessoas de fora, sexo com pessoas fora de sua faixa etâria‚ a regra de ir de dois em dois, freqüentar bares, beber em excesso, assistir filmes näo recomendados e ouvir música do Sistema. Imagino que, como esses säo os assuntos que mencionou, seja isso o que você considera “coisinhas mínimas”. Eu näo acho que säo. Acho que algumas dessas coisas säo bem importantes quando relacionadas a uma vida de servièo a Deus, de discipulado e em comunidade.

215. Para mim você estâ dizendo que a maneira de mantermos os adolescentes na Família é retirando as regras e os regulamentos com os quais eles näo concordam. Você talvez esteja certo; assim talvez mantivéssemos mais jovens na Família, mas aí a Família seria o quê? Se todos pudessem fazer o que bem entendessem, se näo houvesse regras ou expectativas espirituais das pessoas, no que a Família se transformaria? E quantos jovens nôs perderíamos dentre os que näo väo querer fazer parte de um grupo indolente, que sô deixa o barco correr e onde vale tudo? E os jovens que quiserem ser discípulos, que assumiram o compromisso de dar sua vida para alcanèar os perdidos e viver por Jesus näo importa o preèo ou o sacrifício?

216. Acho que se formos retirar as regras, deveríamos também retirar tudo no qual elas se baseiam, entäo deveríamos também retirar a Bíblia e, é claro, todas as Cartas dos últimos 30 anos. Ou talvez você esteja sugerindo que mantenhamos algumas coisas da Palavra das quais gostamos e simplesmente nos livremos do que näo gostamos?

217. Poderíamos manter a doutrina que nos permite fazer sexo sem pecado com outros porque dessa nôs gostamos‚ mas retirarmos a parte que diz que deveríamos ser amorosos e näo magoar ninguém através de nossos atos, porque‚ sabe, às vezes isso é difícil.

218. Com certeza íamos querer retirar os versículos “irrealistas” da Bíblia como por exemplo, "saí do meio deles e apartai-vos e näo toqueis nada imundo" ou “quem se constitui amigo do mundo é inimigo de Deus” (2Coríntios 6:6:17; Tiago 4:4). Certamente teríamos que nos livrar de alguns desses versículos, porque säo rígidos demais! Poderíamos manter "um pouco de vinho, por causo do teu estõmago", porque, afinal‚ ali näo estâ bem definido o que é “pouco” (1Timôteo. 5:23).

219. Se eu bem entendi tudo o que você disse‚ você acha que a nossa fé e a nossa religiäo no geral deveriam permitir às pessoas fazerem tudo o que quiserem‚ e que näo deveria haver restrièöes e, mesmo que algo faèa mal espiritual ou fisicamente para você ou para outros, deveria ser permitido porque deveríamos ter condièöes de discernir o que é bom ou näo para nôs. — E principalmente no tocante às “diversöes”.

220. Tenho de lhe dizer, Daniel, que segundo a Bíblia que tenho lido, e lendo tudo o que o Senhor tem nos dito ao longo dos anos, pelo jeito Ele acha que as pessoas precisam de regras e de diretrizes nas suas vidas. Ele estipulou vârias regras na Bíblia‚ e tem nos guiado e confirmado que é da Sua vontade que tenhamos regras na Família. Acho que Ele sabe que sem regras ou diretrizes para nos manterem na linha, nôs nos desencaminharíamos bastante.

221. Lembre-se que Jesus viveu na Terra. Ele foi um homem e sentiu o mesmo que nôs (Hebreus 4:15). Talvez por isso tem orientado Seus seguidores a seguirem-nO de perto, porque sabe como as coisas do mundo säo tentadoras e enganadoras. Ele disse aos Seus discípulos: “Vocês estäo no mundo, mas näo säo do mundo” (Joäo 17:14-18). Ele obviamente queria que Seus discípulos näo fossem do mundo. É isso o que queremos realizar com as Regras Fundamentais da Família: nos mantermos fora do mundo.

222. Permitimos coisas na Família que muitos outros cristäos — e certas coisas que todos os outros cristäos — consideram muito mundanas: sexo fora do casamento, danèar, beber, música, filmes, etc. A intenèäo das nossas regras é ajudar o nosso pessoal a näo passar dos limites nessas coisas a ponto de serem prejudiciais a eles mesmos ou a outros tanto física quanto espiritualmente. Queremos desfrutar das coisas maravilhosas que o Senhor nos deu, mas näo podemos nos esquecer que o Diabo também usa algumas delas, sô que ao extremo, para causar danos.

223. Sexo é maravilhoso, é lindo e divino, mas se feito com a pessoa errada, e na hora errada ou contra a vontade de alguém, näo é divino. É legal desfrutarmos de uma bebida, até mesmo ficarmos um pouquinho “alegres”. É divertido e pode até ser edificante, mas se for levado longe demais ou feito em excesso, pode prejudicar tanto a você como a outros. Hâ muita música maravilhosa, inspiradora e edificante, mas nem todas säo assim. Algumas propagam valores que säo contra Deus, contra o amor, e contra a humanidade. O mesmo em relaèäo aos filmes.

224. Na nossa religiäo, acreditamos em "nos apartarmos do mal e fazermos o bem" (1Pedro 3:11). Queremos usar coisas que säo boas e divertidas de maneira responsâvel. Mas o que você precisa ver é que algumas dessas coisas divertidas se forem levadas longe demais ou mal-usadas‚ deixam de ser boas e podem ser ruins ou prejudiciais‚ quer para nôs mesmos quer para outros. Temos regras justamente para evitarmos isso. Tentamos "reduzir ao mínimo influências ímpias" porque elas näo säo boas para nôs espiritualmente, e especialmente se nos alimentarmos regularmente dessas coisas.

225. De modo que se fõssemos seguir a sua fôrmula para manter os jovens na Família‚ abandonando as regras e abrindo a porta para todos agirem segundo o que consideram legal e bom para si, acho que näo teríamos mais uma Família. Na verdade, duvido que teríamos sequer uma religiäo. E‚ ainda por cima, näo acho que ajudaria os nossos jovens a serem bons cristäos.

226. Sem restrièöes‚ muitos jovens simplesmente se alimentariam com o mundo, e nem saberiam que estâ errado. Näo haveria absolutos, verdade ou diretrizes. As pessoas fariam o que bem entendem sem nenhum peso na consciência, porque é o que gostam, e, “Ei, se é legal é bom! Vai me manter na Família”. Sinceramente, para mim isso é a vida no Sistema‚ exatamente o que Deus nos disse para abandonarmos.

227. Entäo, esse é o dilema. Se abandonarmos as regras para mantermos nossos jovens na Família, a Família serâ igual ao Sistema, do qual näo podemos fazer parte. Destruiríamos o que Deus quer que a Família seja, sô para mantermos alguns dos nossos jovens na Família. Nem a Mamäe nem eu consideramos isso uma opèäo.

É um fato que o fruto proibido sempre é o mais desejado. Olha sô os Estados Unidos. Huum, vamos dar uma olhadinha no Jardim do Éden e no seu fruto proibido ... Adäo e Eva nos encrencaram pra valer por causa dessa aí! Eles têm as políticas de restrièäo mais severas quanto ao uso de drogas e de bebidas alcoôlicas e ainda assim säo os piores transgressores e as maiores vítimas dessas regras.

228. Na verdade, os EUA näo säo os que têm as regras mais severas sobre o uso de drogas e de bebidas alcoôlicas. Hâ países onde ou você é condenado à morte ou à prisäo perpétua por crimes com drogas, e outros países em que você é aèoitado ou preso por beber, e isso näo sô para jovens, mas adultos também. Mas entendo o que você estâ tentando dizer — que como nôs näo permitimos essas coisas, entäo os jovens querem fazê-las. Acho que faz parte da vida. A “maèä” é muito atraente, até mesmo quando Deus lhe diz que ela näo é boa para você.

229. É incrível como o Diabo usa a mesma tâtica desde os primôrdios do tempo. Mas näo tem que ser assim. Se as pessoas entenderem o motivo das regras, as coisas que näo säo permitidas näo deveriam se tornar as “mais desejadas” O conceito da atraèäo do “fruto proibido” é usado demais no meu entender, e torna-se uma espécie de profecia cumprida pela prôpria pessoa. Mas dâ para evitar se você entender por que algo näo é permitido e quais säo os riscos. Nesse caso‚ se o seu apetite espiritual é razoavelmente saudâvel, esses "frutos proibidos" podem näo ser assim täo atraentes, ou pelo menos você deveria ser forte o bastante para resistir-lhes.

Você sabe por que os jovens da Família viajam pelo mundo inteiro‚ ou de um Lar para outro constantemente ou formam Lares sô de jovens adultos e adultos da segunda geraèäo? Muitas vezes é porque estäo procurando um lugar onde as pessoas larguem dos seus pés, parem de vigiar tudo o que fazem e para que possam servir o Senhor dentro da sua capacidade e de acordo com a sua fé.

230. Daniel, é verdade que um monte de jovens mudam-se de um Lar para outro, e alguns até deixaram a Família porque alguns adultos näo saíam do seu pé e queriam colocâ-los num molde para serem iguaizinhos a eles. É muito triste que alguns adultos da primeira geraèäo tenham sido täo farisaicos e menosprezado tanto os jovens. Eles näo têm demonstrado muita compreensäo e amor e têm deixado de ouvir e de permitir que os jovens expressem os seus sentimentos. Näo têm permitido que a geraèäo mais nova seja ela mesma, aja diferente, use de iniciativa, se aventure e seja garrafa nova. E isso me entristece.

231. Concomitantemente‚ sei que tem muitos adultos que entendem os jovens‚ que trabalham lado a lado com eles‚ lhes permitem experimentar as coisas e servir o Senhor o melhor que podem, e na verdade os incentivam nesse sentido.

232. Acho que você, porém, tem de ver que nem todos os jovens andam de Lar em Lar procurando um lugar onde servir o Senhor segundo a sua capacidade e a sua fé. Alguns se mudam porque procuram um Lar onde possam fazer o que bem entendem sem restrièöes, e quando vêem que virtualmente cada Lar os restringe de alguma forma, mudam–se de um para outro na sua busca infinita por um lugar onde possam fazer o que bem entendem. Entäo, embora alguns adultos da primeira geraèäo e Lares precisem afrouxar um pouco, é bom se lembrar que nem sempre é culpa dos adultos o fato do jovem “ir de um Lar para outro constantemente”.

233. Se os adultos da primeira geraèäo tiverem um Lar onde os jovens estäo infelizes a maior parte do tempo, e esses adultos mais velhos vêem que todo jovem que se junta ao Lar quer sair logo, deveriam orar sobre e ver se eles, ou o seu Lar, têm expectativas irrealistas em relaèäo aos jovens. Por outro lado, se você, jovem, se mudar constantemente de Lar porque os adultos säo sempre “muito isso ou muito aquilo”, entäo precisa dar uma boa examinada e olhar no seu espelho espiritual e perguntar ao Senhor o que hâ de errado com você.

Serâ que um ASG que vai ao mercado de manhä, depois troca de roupa, sai para testemunhar‚ volta, trabalha no ministério de correspondência, vai para sua aula particular de informâtica (no Sistema), volta para casa, cuida das crianèas, tem uma folga, se encontra com outros jovens, depois vai assistir a um filme que ainda näo foi recomendado; vai a um bar, conversa, ri, se diverte pra caramba, traga umas duas doses e depois uma cerveja, volta para casa, bate-papo um pouco pela Internet, joga um joguinho e entäo vai para a cama... é um cara mau? Claro que sim! Na verdade, ele estâ dando lugar para os “demõnios do Diabo”. Duvido que seja um “cara mau”, mas uma coisa é certa, ele é bem ocupado! E como o dia dele rende!

Vê‚ ninguém vê tudo o que ele faz. Implicam com a maneira como ele se descontrai no final de semana e como ele e seus amigos esfriam a cabeèa.

234. Imagino, Daniel, que se este cara faz tanto para ajudar o Lar — vai ao mercado, testemunha, trabalha no ministério de correspondência e cuida de crianèas — o pessoal estâ ciente de tudo o que ele faz de bom. No tocante ao que ele e seus amigos fazem para esfriar a cabeèa, ora, imagino que depende de alguns fatores. De acordo com o que você diz‚ este camarada estâ quebrando vârias regras da Carta Magna, e parece que faz isso cada semana, e esse é o problema. A propôsito, näo considero ter aulas de computaèäo no Sistema algo errado ou que vai contra a Carta Magna. Jâ falei sobre essa questäo de filmes, música, jogos de Internet e bebida anteriormente. Fazer algumas dessas coisas näo quebram as regras da Carta, embora fazê-las excessivamente sim. Basicamente, se ele fizesse algumas dessas coisas de vez em quando, provavelmente se poderia fazer vista grossa. Mas se estiver violando as regras da Carta Magna “constantemente”, tipo‚ cada semana, entäo é um problema.

Todas as regras quebradas. Bebidas alcoôlicas, a música no bar‚ os jogos "ruins" de computador‚ o uso "desnecessârio" da Internet, o ambiente ímpio (barzinho), as aulas de informâtica que o levam a um lugar "sistemâtico/ímpio". Todas essas coisas säo maneiras dos jovens se descontraírem ...

235. Näo temos nada contra as pessoas relaxarem e se descontraírem. Mais do que qualquer outra religiäo cristä que conheèo, temos uma vasta variedade de liberdade nessa ârea. Mas, como eu disse antes, somos discípulos, e embora permitamos muito mais liberdade do que outras fés, também temos algumas regras.

236. Muito tem a ver com atitude, Daniel. Se alguém quebra uma regra de conduta de vez em quando, näo acho que a equipe de pastores vâ (ou deveria) cair na pele dele. Por outro lado, se o cara estâ quebrando as regras a torto e a direito, ou a mesma regra constantemente, entäo ele provavelmente vai ser disciplinado.

237. Como discípulos deveríamos fazer o melhor que podemos para permanecer dentro dos limites estabelecidos pelo Senhor. Deveríamos ter convicèäo para fazer o que o Senhor nos pede. Contudo, ninguém é perfeito, e hâ ocasiöes em que deslizamos. Mas se desobedecemos constantemente, se fazemos questäo de cometer infraèöes, ou se estamos dependentes de uma certa atividade ou somos viciados nela e nos recusamos a largar a coisa, entäo‚ a histôria é outra. Nesse caso é um problema e precisamos de ajuda. Ser disciplinado geralmente faz parte dessa "ajuda".

É impressionante a quantidade de JETTs e de adolescentes juniores que querem sair da Família assim que fizerem 16 anos. E é porque consideram a Família um saco, um lugar cheio de regras rígidas e de conseqüências.

238. Acho muito triste tantos jovens quererem deixar a Família ao completarem 16 anos. Agora, de acordo com você, todos querem sair porque acham que a Família é um lugar cheio de regras rígidas e de conseqüências.

239. Daniel, estou impressionado com a sua vasta sabedoria. Pelo jeito você sabe o que todos de uma determinada faixa etâria pensam. Você sabe os motivos pelo qual os JETTs e adolescentes juniores querem sair da Família, antes disso compartilhou conosco a sua sabedoria sobre o que um típico jovem da Família faz... Näo sei como‚ mas você sabe o que todo jovem típico da Família faz e conhece a preferência musical de todos eles. Você deve ter um super dom de saber exatamente o que aconteceu nas situaèöes em que näo esteve presente para testemunhar, conhece a atitude de todos os adultos da primeira e da segunda geraèäo, e agora dos JETTs e adolescentes juniores. Que dom! Mas acho que precisa ser aprimorado e talvez de um pouco de prâtica para se sintonizar melhor‚ visto que estâ meio deficiente.

240. Embora alguns JETTs e adolescentes juniores talvez se sintam como você descreveu, hâ muitas outras razöes por que alguns deles querem sair da Família quando ficarem mais velhos. Você hâ de concordar comigo que muitos jovens querem sair porque seus irmäos mais velhos partiram. Às vezes esses mesmos irmäos se comunicam com eles e tentam persuadi-los a saírem da Família. Às vezes eles querem sair porque estäo entediados. Em outros casos porque se preencheram com o mundo. Muitas vezes estäo apenas passando pela puberdade e vivendo a turbulência típica dessa idade. Às vezes näo gostam de seus pais, pastores ou das pessoas com quem vivem. Outros questionam sua fé.

241. A lista poderia continuar sem fim, e as razöes säo muitas, ao contrârio de sua premissa de que todos querem sair da Família por causa das regras. É claro que você näo menciona o fato de que nem todos os jovens dessa idade querem sair da Família. Muitos amam a Família‚ adoram poder ajudar os outros e amam Jesus. Näo nos esqueèamos desses jovens‚ estâ bem, Daniel?

Quando o meu irmäo de 13 anos sai do tempo na Palavra às pressas, se recusa a fazer as suas tarefas e basicamente estraga o dia de todo o mundo, a maioria dos adultos quer castigâ-lo.

242. Eu diria que embora alguns adultos talvez possam querer castigâ-lo, a maioria iria querer ajudâ-lo. Você talvez ache que‚ se os adultos näo deixam o seu irmäo fazer o que ele quiser, isso em si é um castigo. Mas se alguém de 13 anos estâ “sendo um capetinha no momento” (você é quem diz isso abaixo, näo eu), esse jovem realmente precisa ser ajudado, mesmo que seja através de disciplina ou de “amor firme”.

Por que eles näo conseguem ver que ele näo é mau sujeito (embora esteja sendo um capetinha no momento).

243. Daniel, eles provavelmente näo consideram o seu irmäo de 13 anos a maior parte do tempo um mau sujeito, e se o consideram assim, talvez precisem ser um pouco mais compreensivos. Muito provavelmente o vêem como um garoto numa idade difícil, entrando na adolescência e naturalmente se rebelando contra autoridade, buscando sua independência e que provavelmente têm algumas atitudes erradas, que quer ser o dono do prôprio nariz e acha que deveria ser tratado como um adulto responsâvel‚ embora näo aja como tal.

244. Você sabia que os adolescentes no mundo inteiro, näo importa qual seja a sua religiäo, nacionalidade ou onde morem, tanto dentro ou fora da Família, passam por esse período? É difícil para o adolescente e também é difícil para os pais.

Mas ele estâ cansado de ser excluído, de ser apenas uma crianèa no Lar.

Estâ cansado de näo ter amigos, de ver os outros garotos na rua irem à escola e terem amigos da sua idade, irem ao shopping, ouvirem música maneira, participarem de acampamentos e tirarem um dia de folga.

245. Seu irmäo de 13 anos talvez esteja realmente cansado de ser posto pra escanteio ou de ser o único dessa idade no Lar, ou de näo ter amigos, etc. Se for esse o caso, entäo os seus pais, você e os outros membros do Lar precisam orar e fazer alguma coisa para que ele tenha uma vida mais preenchida e emocionante.

246. Quero lhe perguntar, Daniel: o que é que você fez até agora para ajudar o seu irmäo mais novo? O quanto você tem sido amigo dele? O quanto você o tem tomado debaixo de suas asas para orientâ-lo, guiâ-lo e ser amigo? Quanto você tem sacrificado para facilitar a vida dele, para que seja menos solitâria, mais divertida e cheia de desafios? O que você tem lhe ensinado ultimamente? Quando foi a última vez que praticou algum esporte com ele? Você se lembra das Cartas “Convocaèäo ao Resgate” em que o Senhor e a Mamäe desafiam os jovens adultos e adultos da segunda geraèäo a serem amigos e modelos para os JETTs? (Ver CdM 3114:114-115, BN 729) Quanto mais com o seu prôprio irmäo, que é o que o Senhor espera que você faèa! Pense nisso!

247. De uma coisa tenho certeza: é pouquíssimo provâvel que apenas deixar o seu irmäo ficar de bobeira com os garotos na rua, freqüentar escola pública, passear no shopping ou ouvir música maneira‚ vai ajudâ-lo a ser menos difícil. Na verdade, hâ uma grande chance de fazer com que ele fique ainda mais rebelde e infeliz.

248. Entäo‚ volto a dizer, Daniel‚ que parece que a soluèäo que você oferece para as coisas é que a pessoa faèa o que bem entende — sem limites, sem regras‚ sem diretrizes. Vale tudo. Ninguém deveria fazer nada que näo queira. Isso näo sô é irrealista, visto que todo mundo em qualquer sociedade tem de aderir a regras e restrièöes, mas ainda mais importante, vai contra a Palavra de Deus. Os menores, no mundo inteiro, estäo sujeitos a regras impostas pelos pais‚ de modo que a Família nesse aspecto näo é nada fora do comum.

Pelo amor de Deus, faèam um favor a este garoto! Deixem–no sair para jogar basquete. Sim, ele vai ter de jogar com garotos do mundo... e daí?

Por favor, comprem para ele um Nintendo! Näo vai matar o seu espírito! Quem lhes disse isso?

249. Näo sei quem é que disse que um Nintendo mata o espírito de um jovem, mas eu averigüei para ver se Mamäe ou eu falamos isso, e nunca falamos nada disso. Na verdade, näo encontrei em nenhuma BN referência a mâquinas e jogos Nintendo. Devo confessar que näo sei muito sobre Nintendo, de modo que näo estou em condièöes de comentar em detalhes. Fiz uma pequena pesquisa sobre Nintendo‚ e ficou ôbvio que tem uma boa variedade de jogos. Alguns säo de jogos de assassinato e de guerra, e outros säo mais tranqüilos.

250. Em casos assim, geralmente hâ o lado bom e o ruim, dependendo de como é usado. Alguns pais talvez permitam que seus filhos brinquem com alguns jogos de computador, mas näo significa que deveriam deixâ-los jogar todos os jogos ou o tempo todo. Tal como filmes, música, romances, etc., tem o bom e o ruim‚ e quando você tem 13 anos nem sempre sabe a diferenèa, e é por isso que os pais (tanto na Família como na sociedade de modo geral) ficam ligados no que os seus filhos estäo fazendo, e restringem e limitam algumas de suas atividades e as informaèöes que recebem. Lembre-se, Daniel, que os pais na Família näo säo os únicos que näo permitem que os seus filhos faèam tudo o que bem entendem.

Claro, tire-o no meio de um filme. Afinal, é para adolescentes juniores, certo? E ele sô tem 13 anos, né? É, vâ em frente, tire-o do filme, deixe-o todo sem graèa e lhe dê a mensagem subliminar de que ele é estúpido e näo tem condièöes de assistir a um filme censurado para 13 anos... “sinto muito, mas você näo pode ver isso” ...

251. A verdade, Daniel, é que se os pais dele näo querem que seu filho de 13 anos assista a esse filme, entäo eles têm todo o direito de tirâ-lo da sala. É claro que teria sido melhor se nem o tivessem permitido ir assistir para comeèar, em vez de ter que tirâ-lo de lâ depois. É compreensível que seja difícil e muito constrangedor para o garoto, e sinto muito.

252. Temos filmes recomendados para adolescentes juniores para cima, ou seja‚ 14 anos para cima. Talvez no Sistema alguns desses filmes sejam censura 12 anos, ou o Sistema os considera bons para jovens de 12 anos. Mas sô porque o Sistema diz que estâ bem para jovens de 12 anos näo quer dizer que esteja. 253. É responsabilidade dos pais zelarem pelo bem-estar de seus filhos até eles atingirem a maioridade. Um jovem de 13 anos näo é de idade. Ele estâ sob os cuidados e a proteèäo de seus pais, e se os pais acharem que um filme näo é bom para ele, entäo têm o direito e responsabilidade de näo permitirem que o assista. Por outro lado, se um pai assistiu um filme recomendado para adolescentes juniores e achar que estâ bem o seu filho de 13 assisti–lo (esperamos que também tenham orado sobre isso) podem deixâ–lo. Como explicamos antes‚ a classificaèäo dos filmes näo é “inflexível”. Hâ uma certa flexibilidade, levando em consideraèäo o discernimento dos pais e a orientaèäo do Senhor (“Regulamento para a Vida no Lar”, ponto K, pâg 267.)

254. Daniel, pelo que tem dito em sua carta, suponho que você näo é pai e näo sabe o que é ser responsâvel por filhos. Quando você tiver filhos‚ seus pontos de vista sobre alguns desses assuntos provavelmente väo mudar. Agora você é bem despreocupado e se divertir sem restrièöes é uma prioridade. Mas ouso dizer que quando você for pai e seus adolescentes expressarem atitudes semelhantes a essas‚ você näo vai permitir–lhes fazer o que bem entendem.

255. Näo o culpo por isso. Você näo entende o que significa ser pai, ou pelo menos pai de um JETT ou adolescente. É natural. Você comeèa a entender essas coisas quando se torna pai. Mas, por favor‚ entenda que ser pai näo é fâcil, às vezes você tem que arriscar deixar o seu filho zangado para proteger o bem-estar dele.

Você estâ basicamente criando um filho que vai odiâ-lo.

256. Que declaraèäo pesada! Numa viagem recente, vi um anúncio de televisäo em que um adolescente depois do outro dizia coisas aos seus pais do tipo: “Eu näo agüentava quando você näo me deixava sair com alguns dos meus amigos”, “Você estava sempre se metendo no que näo era de sua conta”, “Eu detestava quando me deixava de castigo em casa”, “Fiquei super bravo quando você me fez ficar em casa à noite para estudar”, etc. E no final da propaganda todos eles diziam: “Muito obrigado”. O ponto era, quando você é mais novo, considera os seus pais uns intrometidos quando eles estabelecem regras e o fazem cumpri-las. Contudo, geralmente fazem isso porque o amam e porque acham que é o certo. E à medida que vai crescendo, passa a entender que eles agiram por amor, embora tenha sido difícil para você na hora.

Eu amo a minha mäe. Ela é demais. Tenho ôtimas lembranèas, mas uma das coisas que mais me lembro foi quando ela me comprou um sorvete rapidinho antes de alguém ver. É que sorvete tem aèúcar branco e gelo, que faz muito mal para você. Eu tomei muito sorvete quando era pequeno. Uma vez o pastor do Lar explodiu com ela por quebrar “as regras de saúde de Deus” comigo.

257. Olha, é como eu disse antes, näo acho que seja bom as pessoas "explodirem" com os outros; geralmente näo hâ motivo para isso. Na verdade, para mim näo tem problema nenhum se um pai ou mäe compra um sorvete para o filho de vez em quando. Mas, claro‚ você diz que tomou muito sorvete quando era pequeno, entäo, quem sabe, talvez a sua mäe passou um pouco dos limites‚ portanto estava quebrando as regras de saúde. Como eu disse, o pastor näo deveria ter explodido por causa disso‚ mas talvez ele precisasse mencionar o assunto para a sua mäe. Embora um sorvete‚ ou qualquer outra guloseima seja legal como uma surpresinha de vez em quando, e definitivamente algo que as crianèas gostam, comer essas coisas com freqüência realmente näo é saudâvel para ninguém. E nôs näo somos os únicos que acreditam nisso. A maioria dos apologistas por uma vida saudâvel lhe dirâ a mesma coisa.

258. Mas é difícil para mim acreditar que pais ou os membros dos Lares hoje em dia säo assim täo legalistas sobre sorvete. Jâ visitei vârios Lares da Família, e imagine você, eles serviram sorvete! Nôs servimos sorvete em ocasiöes especiais, e os pais no nosso Lar däo sorvete aos seus filhos de vez em quando, com moderaèäo. Näo acho que a populaèäo da Família no geral seja assim täo rígida sobre esse ponto.

Olha‚ näo me lembro do cara. Mas vou sempre amar a minha mäe que me deixou brincar com outras crianèas, me comprou uma bicicleta e um gameboy (“demoníaco”). Coisinhas basicamente estúpidas‚ e na verdade sem valor no físico, mas que tocam o coraèäo de uma crianèa e mostram que a amam e que confiam nele. Foi mais importante para mim do que qualquer coisa.

259. Estou feliz por você amar a sua mäe, Daniel, e tenho certeza que ela o criou com muito amor. Imagino que ela fez o que achou ser o melhor para você, mas isso näo significa que esse deveria ser o padräo para todas as crianèas. Os pais precisam escolher como väo criar os filhos, mas se as suas escolhas väo contra os princípios da nossa fé‚ se os pais se recusam a aceitar e implementar o padräo de disciplina concordado pelo Lar, entäo precisam criar os filhos fora de um Lar CM.

Sei, de fato, que nem toda a culpa pelos problemas da Família podem ser lanèados nos ombros dos adultos da primeira geraèäo, pois é uma rua de mäo dupla. Concordo plenamente. Mas para mim, a essência da liberdade é a capacidade de fazermos escolhas erradas de vez em quando sem que isso seja um problema para o resto de sua vida. Afinal a essência da Carta Magna näo é o “amor”? E acho que às vezes podemos demonstrar amor deixando as pessoas serem elas mesmas e sem julgarmos todo mundo o tempo todo. E esse amor näo inclui ser rígido demais, inflexível, e às vezes simplesmente intrometido.

Se você näo concorda ou acha que estou completamente errado, sinta-se à vontade para me escrever e me corrigir.

Se cuidem...

260. Concordo que é importante näo acusarmos os outros para sempre por cada decisäo errada que tomaram. Nem mesmo Deus faz isso. “E jamais Me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades” (Hebreus 10:17). Todo mundo comete erros e toma decisöes erradas, de modo que deveríamos ver a necessidade de perdoarmos e compreendermos. Concordo que podemos demonstrar amor ao permitirmos que as pessoas sejam elas mesmas e näo julgando todo mundo o tempo todo. Eu näo quero ser julgado assim. Näo quero pessoas me observando a cada minuto. Näo acredito que as pessoas deveriam ser rígidas demais, inflexíveis e tampouco intrometidas.

261. Do mesmo modo, näo acho que tudo o que todos fazem é bom ou certo. Acredito que o homem nasceu no pecado, e esse pecado — de fazer as coisas erradas — faz parte da natureza humana. Todo mundo peca, todos fazem coisas erradas, mesmo cristäos, e até discípulos. A beleza disso tudo é que somos perdoados através de Jesus. Quando erramos, quando pecamos, nosso pecado pode ser apagado pelo sacrifício de Jesus na cruz, e isso é maravilhoso. Mas esse perdäo näo significa que näo deveríamos nos esforèar para näo pecarmos. Näo nos dâ licenèa para fazermos o que bem entendemos, o que nos der na telha, quer seja bom ou näo para nôs. Näo significa que podemos deliberadamente, com conhecimento de causa e obstinadamente, fazermos escolhas erradas sô por causa da nossa dita “liberdade”. (Romanos 14:13-22.)

262. Como eu disse antes, somos uma religiäo, uma fé. Na nossa fé temos direitos, deveres e regras. Estâ tudo claramente estabelecido na Carta Magna. Você tem razäo, Daniel, o amor é a essência da Carta Magna. Mas o amor funciona das duas maneiras. Na Carta temos amor, misericôrdia, compreensäo e flexibilidade. Também temos regras que espera-se que obedeèamos, embora saibamos que de vez em quando vamos quebrâ-las (näo as dignas de excomunhäo) sem grandes conseqüências. Essa flexibilidade faz parte do amor e da compreensäo. Mas estarmos dispostos a obedecer a essas regras e tentarmos ao mâximo segui-las, também faz parte do amor e da nossa responsabilidade como discípulos.

263. Você defendeu em sua carta que a Família é um lugar cheio de regras e regulamentos. Afirma que os jovens saem porque os adultos muitas vezes säo inflexíveis e farisaicos. O tom geral de sua carta é que precisamos acabar com as regras‚ permitir às pessoas — especialmente os jovens — basicamente fazerem o que bem entendem, especialmente no tocante a se divertirem. E o argumento tâcito é que, se fizermos isso‚ vamos manter os nossos jovens na Família e a Família serâ um lugar melhor.

264. Tentei explicar por que precisamos ter algumas regras — que‚ como religiäo, somos muito menos rígidos e permitimos mais liberdades do que virtualmente qualquer outra fé cristä. Mas mesmo assim, por sermos cristäos e discípulos‚ Deus tem padröes espirituais que espera que sigamos, padröes que Ele estabeleceu.

265. Também tentei mostrar-lhe que alguns dos nossos APGs säo muito rígidos. Alguns tendem a dar ênfase demais a aderir-se às regras de modo que se esqueceram do amor e da misericôrdia. Alguns säo bastante impacientes ou ficam facilmente frustrados, ou vivem um pouco demais no passado, tentando colocar os jovens num molde em vez de entenderem que o Senhor estâ constantemente mudando e movendo–Se de novas maneiras. Alguns APGs näo entenderam totalmente o que significa trabalhar com jovens‚ especialmente ASGs‚ numa parceria de respeito e consideraèäo mútuos. Alguns APGs agem como se fossem superiores, como se tivessem mais conhecimento de todos os assuntos. Em alguns casos, agem como se fossem os “patröes”, e os jovens os seus “empregados” que näo têm voz sobre o assunto.

266. Esses APGs precisam mudar. Precisam pedir a Deus uma compreensäo mais plena da Palavra e do que Ele disse sobre a uniäo entre as geraèöes; eles precisam crescer além de sua mentalidade atual e perceber o valor da nossa geraèäo mais nova.

267. É claro que é importante perceber que‚ quando menciono APGs trabalhando em parceria com ASGs, me refiro a jovens que säo dedicados e que querem dar duro para o Senhor, dos quais hâ muitos. Mas se os ASGs näo estiverem mesmo sérios sobre o seu servièo para o Senhor, se näo estiverem interessados em progredir espiritualmente, ou em testemunhar e prosseguir o contato com as almas, se a sua preocupaèäo principal na vida for a busca do prazer, e sô estiverem tentando obter o mâximo possível da vida em comunidade, entäo dificilmente se formarâ qualquer parceria. APGs que estäo trabalhando para fazer com que o Lar seja frutífero e um bom exemplo näo väo se dar com ASGs que näo estäo embarcando nessa. Fazer a coisa funcionar depende dos dois.

268. A maioria das pessoas — tanto velhos como jovens — tem algumas peculiaridades a que você simplesmente tem que fazer vista grossa. A gente raramente encontra alguém, seja de que idade for, com quem simplesmente nos damos perfeitamente bem e com quem näo temos nunca que deixar passar algumas coisas, fazendo vista grossa ou esquecendo o acontecido por amor à pessoa. O mesmo acontece quando as duas geraèöes trabalham juntas. Você näo pode esperar que as pessoas da outra geraèäo sejam perfeitas. Simplesmente näo é assim. Entäo näo espere que os APGs faèam todas as mudanèas e tornem-se exatamente o que você gostaria que fossem; isso näo é realista. Se cada uma das geraèöes tiver expectativas irrealistas, entäo väo acabar frustrados e fracassados.

269. Como a Mamäe explicou em “Superando o Abismo entre Geraèöes”, o que traz uniäo entre as geraèöes em nosso Lar — e o mesmo princípio se aplica a qualquer Lar — näo é as coisas que fazemos para nos divertir, jogos e recreaèäo mundana que temos; mas sim as coisas do espírito. Quando os APGs e os ASGs estäo seguindo de perto e querem fazer o melhor que podem para o Senhor, estäo dispostos a colocar o Senhor em primeiro lugar em suas vidas, estäo buscando uma vida de discipulado, e estäo dispostos a serem obedientes ao espírito das Cartas, entäo funciona.

270. Daniel, você talvez tenha andado por Lares com uma abundãncia de adultos rígidos que você acha que estäo constantemente corrigindo-o ou julgando-o. Por outro lado, você talvez tenha sido a causa desses adultos serem rígidos com você por estar constantemente tentando aplicar a sua visäo do que a Família deveria ser, tentando continuamente quebrar as regras ou forèar a barra.

271. Às vezes os jovens é que fazem com que as regras lhes caiam na cabeèa porque tentam constantemente passar por cima delas. Os adultos que querem confiar nos jovens vêem que näo podem fazer isso porque os jovens provam näo ser de confianèa passando constantemente dos limites ou desrespeitando descaradamente as regras. Uma vez que os adultos se sintam assim, acham necessârio aplicar as regras com ainda mais rigidez. Pode virar um triste círculo vicioso.

272. Acho que no final das contas é uma questäo de discipulado. No tocante à sua carta, escrita, pelo que entendi, depois da série “Convicèäo versus concessäo e transigência”, eu me pergunto se você entendeu do que se tratavam aquelas Cartas. O Senhor falou muito sobre o discipulado bâsico‚ sobre nosso trabalho como discípulos, sobre nosso compromisso como discípulos, e, contudo‚ grande parte da sua carta sô fala de se divertir e faz propaganda das coisas do mundo. O Senhor disse recentemente que muitos dos filhos de David tornaram-se buscadores de prazeres‚ em vez de soldados de Deus. O que você é‚ Daniel?

273. O Senhor quer que nos divirtamos. Ele quer que desfrutemos da vida e tenhamos tempos para descontrairmos, mas esse näo é o nosso chamado‚ näo foi para isso que assumimos um compromisso. Somos discípulos. Somos cristäos profissionais que levam o trabalho de Deus a sério. Dedicamos nossa vida ao servièo de Deus, para alcanèarmos o mundo com a Sua mensagem, para vivermos a Sua Palavra, para sermos um exemplo de discípulos a tempo integral‚ para pregarmos a carne da mensagem do Tempo do Fim das Palavras de David, para O amarmos de todo o nosso coraèäo, alma, mente‚ corpo e forèas. É disto que se trata um discípulo na Família — näo filmes, música, sexo, beber, uso de Internet, jogos de computador, comida, entretenimento‚ moda, tempo livre, dinheiro, passatempos, etc. Como discípulos, usufruímos dessas coisas, mas näo deviam ser o aspecto mais importante da nossa vida na Família.

274. Minha profissäo, como a de milhares de outros membros da Família, é o discipulado. É isso que faèo, sou isso, é por isso que vivo, e pelo que morreria. Se amanhä o Senhor me mandar a um lugar onde näo hâ vídeos, Internet, música e nenhum prazer dessa vida, ainda assim vou servi-lO, porque O amo e porque foi a isso que me dediquei.

275. Discipulado é uma profissäo difícil. Requer um alto padräo no espírito e de comportamento. Requer renunciar a tudo, obediência, submissäo, e disposièäo para fazer o trabalho, mesmo se tudo näo for do seu agrado — mesmo se nada for do seu agrado! Você, como discípulo, às vezes tem que seguir em frente quando tudo e todos parecem estar contra você, quando você se sente täo por baixo que näo vê como vai agüentar mais um minuto. Além disso, tem o Diabo e seus lacaios, tais como a letargia‚ Pä‚ Baco‚ Selvegion e Apotheon (ver CdM 3400:169-187, BN 992) tentando de tudo para convencê-lo a desistir, e se näo conseguirem, entäo o tentam a transigir.

276. O discipulado é uma profissäo difícil. Näo säo muitos os que optam por ela, e muitos dos que a escolhem acabam desistindo. Por quê? Porque é uma vida difícil. É extremamente gratificante, mas às vezes extremamente difícil. Até nos dias de Jesus‚ quando as coisas ficaram difíceis e a mensagem ficou pesada, “muitos dos Seus tornaram para trâs, e jâ näo andavam com Ele” (Joäo 6:66). Quando Jesus perguntou aos 12 se eles também iam embora‚ Pedro respondeu sucintamente, com uma mensagem poderosa explicando por que somos discípulos, por que servimos a Deus cada dia‚ por que escolhemos essa profissäo täo difícil: “Senhor, para quem iremos nôs? Tu tens as Palavras da vida eterna. E nôs temos crido e conhecido que Tu és o Cristo, o Filho de Deus” (Joäo 6:68-69).

277. É nisso que acreditamos, Daniel. Acreditamos que Jesus é o Filho de Deus‚ e que Ele nos chamou para servi-lO incondicionalmente como discípulos, näo importa o preèo que Ele pedir. Isso é dedicaèäo, esse é o trabalho, essa é a profissäo. — E estamos orgulhosos de fazer isso porque é o que Jesus‚ nosso Rei, Salvador, Amigo do Peito e Marido, pediu de nôs.

278. E você, Daniel? Você é um discípulo?

279. (Jesus fala:) Chamando todos os discípulos CM! Onde estäo vocês? Quem vai se levantar e responder ao chamado? A maioria dos membros CM estâ na Família hâ muito tempo — parte desse tempo têm vivido como discípulos, e parte do tempo simplesmente como membros vivendo o “estilo de vida da Família”. Bem, a Família CM estâ sendo redefinida. A declaraèäo dos membros da Carta estâ sendo esclarecida, e mais uma vez chegou a hora de acordarem, abrirem os olhos e verem que rumo estäo tomando — HOJE!

280. Hoje é um novo dia. É um novo tempo. Uma nova era na Família. É a era de entenderem e se dedicarem seriamente ao chamado de discípulos CM. Se você é CM, entäo precisa mais uma vez fazer um balanèo do seu coraèäo e alma, e se certificar de que a sua visäo de ser um membro e discípulo CM estâ de acordo com a Minha visäo. Deixei bem claro qual é a Minha visäo e os requisitos na série de “Convicèäo”, e vou esclarecer aqui mais uma vez.

281. Ser um membro da Carta significa ser um discípulo. Näo significa ser apenas um “membro da Família”. É, você é um membro da Família, mas primeiro e acima de tudo, como um membro da Carta, você é um discípulo. Este é o seu côdigo, seu credo. Essa é a sua missäo na vida. Como discípulo, você estâ entre as tropas de elite da Família. Fez um voto e assumiu o compromisso de aceitar qualquer missäo, qualquer desafio, lutar qualquer batalha, receber quaisquer instruèöes e ordens, seguir e obedecer, amar e servir.

282. Como membro da Carta, você disse: “Esta é a profissäo que escolhi. Este é o meu chamado. Minha carreira. Minha vida. Sou um discípulo e tenho orgulho disso.” Como discípulo você estâ nessa para o que der e vier. Näo estâ servindo por seis meses‚ por dois anos, ou até mesmo um contrato de seis anos. Você assumiu um compromisso vitalício, porque estâ convencido que quer dedicar a vida ao discipulado. Estâ disposto a treinar, a aprender, a se adaptar, a fazer progressos. Olha para a frente com empolgaèäo ao que estâ por vir, sabendo que todo o treinamento que recebe vai ajudâ–lo a estar mais capacitado, treinado e melhor preparado para realizar o trabalho.

283. Como discípulo, você concordou em abrir mäo de certas coisas que o distrairiam ou o atrapalhariam de realizar o trabalho. Você aceitou que haverâ sacrifícios a fazer‚ e estâ disposto a fazer esses sacrifícios, mesmo se forem difíceis. Você entende que estâ fazendo esses sacrifícios por Mim, seu Comandante Chefe, pelas pessoas a quem ama‚ e pelas almas perdidas que precisam de seu tempo, atenèäo‚ oraèäo, concentraèäo e amor. Estâ disposto a abrir mäo de alguns tesouros e prazeres desta vida para ganhar as riquezas e as recompensas espirituais que lhe prometi na vida vindoura.

284. Como discípulo, você estâ apostando em Mim. Estâ confiando nas Minhas promessas. Estâ deixando as coisas deste mundo passarem batido. Näo estâ meramente ajuntando tesouros nesta Terra ou se esforèando para ganhar popularidade e fama. Estâ vivendo por fé, agarrando-se às Minhas promessas de que, embora sofra rejeièäo, e embora lhe faltem algumas coisinhas e artefatos em exposièäo por toda a parte, você espera algo melhor. Estâ esperando as riquezas eternas do Céu. Estâ esperando a glôria eterna. Estâ esperando o ouro e a prata que duraräo para sempre.

285. Ao escolher o discipulado como sua profissäo‚ você assinou um contrato dos mais incomuns. Concordou em jogar o Meu jogo‚ que muitos outros consideram tolo e um caso perdido. Mas você se inscreveu de qualquer maneira, de modo que agora é um dos Meu jogadores do discipulado. Näo é apenas um jogador substituto ou que joga de vez em quando. Estâ no esporte profissional. Esta é a sua vida, seu dia a dia. Você estâ no time. Fechou contrato.

286. Este é o contrato:

287. Eu _____ de livre e espontãnea vontade me torno um discípulo e membro da Carta. Como tal, afirmo que minha escolha de carreira é ser um discípulo profissional. Vou lutar‚ o melhor que puder, para seguir as regras apropriadas de conduta de um discípulo. Consinto em receber ordens de Você, o Técnico Chefe. Concordo em jogar em equipe, e abraèo meus colegas discípulos como irmäos e irmäs. Reconheèo que haverâ sacrifícios a fazer, e estou disposto a fazê-los para seguir a minha profissäo.

288. Aceito os termos de pagamento, a saber:

•provisäo razoâvel das necessidades bâsicas (casa, roupas, comida).

•amor e apoio dos meus colegas de time.

•satisfaèäo de saber que estou ajudando outros.

•bênèäos espirituais (paz, alegria, propôsito na vida, etc.)

289. Aceito que näo vou receber remuneraèäo monetâria ou compensaèäo física pelos meus esforèos nesta vida. Fico contente em esperar até a prôxima vida, onde receberei o pagamento e as recompensas totais pelos servièos prestados. Abro mäo da tentaèäo dos prazeres e tesouros do mundo ao meu redor em favor da obtenèäo de riquezas eternas e bênèäos que näo desvaneceräo.

290. Em suma, me comprometo a ser um discípulo profissional, com quem Você pode contar para jogar como me cabe com fé, amor, determinaèäo e zelo.

Assinado: ______________, membro e discípulo da Carta Magna

Testemunha: Jesus, Treinador Chefe e Dono do time

291. Este era e ainda é o contrato de um discípulo. É uma vida difícil, uma vida de discípulo. Näo é uma vida altamente louvada, nem invejada. Hâ sacrifícios, provaèöes e alguns pesares. Mas também tem alegrias. Hâ emoèöes no espírito apenas conhecidas por aqueles que atendem ao Meu chamado, renunciam a tudo e vêm e Me seguem. Alguns Me däo parte de sua vida e tempo. Outros Me däo tudo. Os que Me däo tudo säo discípulos profissionais, discípulos de carreira. Você é um desses?

292. Você pode assinar o seu contrato de discípulo Comigo? OU serâ que a seduèäo do mundo e os seus tesouros e prazeres säo grandes demais para você e o prendem? Você estâ disposto a sacrificar os prazeres do mundo por um pouco de tempo para colher recompensas eternas na vida por vir? Escolha hoje a que nível de classificaèäo na Família você vai se comprometer. Se busca o discipulado dos membros da Carta Magna, entäo conte o custo.

293. Você estâ disposto a ser um discípulo profissional? Se estâ, o preèo é alto. As recompensas säo ainda maiores. Você näo vai ver todas nesta vida, mas na vida por vir, quando entrar no Meu plano Celestial, verâ que escolheu bem.

294. E aí? Quem estâ no time? Preciso de profissionais! (Fim da mensagem de Jesus.)

Liberado pelas regras

(Adulto da segunda geraèäo, Âfrica do Sul:) Tive que ler muita coisa recentemente (estava lendo as Cartas do curso de leitura obrigatôrio) e a Palavra estâ muito mais viva. Eu me encontro lendo Cartas com as quais antes tinha batalhas ou reservas. Agora concordo com elas de todo o coraèäo. A Mamäe e Peter däo as diretrizes (que para alguns parecem duras às vezes — eu definitivamente pensava assim) vezes sem conta‚ mas quem leva a sério servir o Senhor percebe que näo hâ outro jeito. Ou você estâ na coisa com tudo‚ e nesse caso as regras säo necessârias para mantê-lo na linha e na trilha certa‚ ou você tem que encontrar outro lugar. Näo tem outro jeito.

Sinto-me estranho dizendo isso, mas é como se tivesse sido liberado pelas regras. Eu nasci de novo nesta Família e vejo todo o fruto maravilhoso e a liberdade que temos ao seguirmos de perto as Palavras que o Senhor nos dâ nas Cartas, até mesmo quando parece que “lâ vem mais uma regra”. O Senhor realmente abenèoa, e no final você vê que é para o seu prôprio bem.

Por exemplo, näo temos TV, mâquina de vídeo ou nada do tipo — coisas que jâ considerei necessidades absolutas. Como näo temos nada disso‚ passamos muito mais tempo tendo convívio ou realizando coisas. Nosso grau de uniäo estâ muito mais elevado, e acredito que o Senhor nos abenèoou por isso.

Para mim dizer isto é realmente um milagre‚ porque sou o tipo de cara que pode assistir a dois ou três filmes por dia facilmente (eu literalmente fazia isso‚ e às vezes chegava a ver até seis filmes por dia quando estava retrocedido)! Se existe um cara bem na carne, sou eu. Mas assumi um compromisso. Estou aqui para servir o Senhor, mesmo que para isso tiver que abrir mäo dessas coisas totalmente.

Houve um tempo em que eu ressentia a Família pela maneira como me criaram, mas agora vejo que me deram o maior dom do mundo. Estou eternamente endividado com a Família por me tirar da vida que eu vivia e me dar uma chance mais uma vez de encontrar a vontade de Deus para a minha vida, e servir o Senhor. Estou aqui para fazer uma diferenèa e ser tudo o que posso ser com a ajuda de Deus.

Mais uma vez‚ minha profunda gratidäo e admiraèäo vai para a Família e aqueles que a tem mantido através dos anos, através dos altos e baixos e das muitas batalhas e provaèöes que tivemos.

Copyright © 2002 por A Família

(fim de arquivo)